terça-feira, 29 de outubro de 2013

ÍDOLOS DO CORAÇÃO





Judiclay Santos

O conceito de idolatria não está restrito às imagens das divindades religiosas e os seus objetos visíveis de culto. Uma pessoa pode não se curvar diante da imagem de santo Antônio, Buda ou Afrodite e, ainda assim, ser um idólatra. O ídolo não é uma coisa necessariamente ruim, mas algo ou alguém que ocupou um lugar indevido, o trono do nosso coração. O campo de batalha entre a verdadeira e a falsa adoração é o coração humano. 


A exortação do Senhor por meio de Ezequiel é clara: “Filho do homem, estes homens levantaram ídolos dentro do seu coração”. (Ez 14.3) O coração humano, enganoso e corrupto é uma fábrica de ídolos que pode usar qualquer coisa, boa ou ruim, como matéria prima. O que é um ídolo? “É qualquer coisa que seja mais importante que Deus para você, qualquer coisa que absorva o seu coração e imaginação mais que Deus, qualquer coisa que só Deus pode dar”. (Thomas C. Oden)


Um dos ídolos mais comuns em nossa cultura é a felicidade. O desejo de ser feliz não é necessariamente ruim. Na verdade este anseio por felicidade foi colocado pelo próprio Deus. O erro não é buscar a felicidade, mas buscá-la nas fontes erradas. Os ídolos não saciam a alma. Como disse Pascal: “O homem já teve a verdadeira felicidade, da qual agora resta nele apenas o sinal e o espaço vazio, que ele tenta em vão preencher com as coisas ao seu redor, procurando em coisas ausentes a ajuda que não obtém nas coisas presentes. Essas, porém, são todas incapazes, porque o abismo infinito pode ser preenchido somente por um objeto infinito e imutável, ou seja, apenas pelo próprio Deus". 


Quando o coração idólatra exclui Deus e sai em busca de coisas que prometem felicidade o curso inevitável é a insatisfação na alma. O ser humano é especialista em criar falsos referenciais de significação. As pessoas vão adubando suas vidas com ilusões achando que o mundo pode ser um parque de diversão existencial, mas chega um momento que o indivíduo descobre que muitas coisas, conquanto boas e necessárias, não saciam a alma. Só Cristo satisfaz os anseios do coração.

sábado, 19 de outubro de 2013

19 DE OUTUBRO DE 1856: O DIA EM QUE 7 PESSOAS MORRERAM ENQUANTO SPURGEON PREGAVA.




Por Judiclay Santos

O PREGADOR
Convertido aos 15 anos de idade, no dia 6 de Janeiro de 1850, Charles Haddon Spurgeon seria o mais conhecido e influente pregador da Inglaterra no século XIX. Pessoas vinham de várias partes para ouvir a pregação daquele jovem (ele começou a pregar com 16 anos) que falava com clareza, paixão e autoridade.


A MULTIDÃO
O prédio da igreja de New Park Street não comportava a quantidade de pessoas que fluía para ouvir Spurgeon, como ele mesmo havia dito: “A colheita é grande demais para o celeiro”. Enquanto um novo prédio estava sendo construído as reuniões passaram a ser realizadas no Exit Hall, um espaço bem maior do que a Capela de New Park. No entanto, ainda era insuficiente para acolher as multidões, ávidas para ouvir a pregação da Palavra.


A TRAGÉDIA!
Spurgeon decidiu transferir as reuniões para o maior espaço coberto de Londres naquela época. A cidade entrou em ebulição ao saber que Spurgeon pregaria no Surrey Gardens Music Hall, com capacidade para acomodar 10 mil pessoas.

No dia marcado, 19 de outubro de 1856,  os assentos estavam todos ocupados e milhares de pessoas à porta. Foi um dos maiores eventos em Londres naquele século. Um acontecimento que parou a cidade. Spurgeon ficou espantado ao ver a multidão e pensou em cancelar o culto, mas a multidão queria ouvir a pregação, então ele começou  a pregar...

Um pouco depois do início da pregação, um assecla de satanás gritou: Fogo! Fogo! O desespero tomou conta do lugar. Os ingleses, ainda traumatizados com o incêndio que devastou a cidade de Londres em 1666, começaram a descer as galerias em grande aflição e desespero. Spurgeon não se deu conta até que foi informado da confusão e pediu as pessoas que se retirassem com calma. Um pedido em vão. O lugar estava tomado pelo pânico. Como resultado daquela correria, 7 pessoas morreram e 28 ficaram feridas. Quando soube disso, o próprio Spurgeon sofreu ataque e desmaiou. Muitos pensaram que ele tinha morrido. 


A SURPRESA!
Não houve incêndio, foi “apenas” um boato! Após uma acurada inspeção foi contatado que  o prédio estava intacto, não havia o menor indício de fogo.  

Spurgeon foi duramente criticado pela impressa e responsabilizado pela morte daquelas pessoas. Alguns jornais, que já o perseguiam, aproveitaram aquela tragédia para lançar uma série de ataques e ofensas. Foi um tempo de grande aflição para Spurgeon que tinha apenas 22 ANOS DE IDADE!! Sua alma entrou em agonia e estas mortes sempre assombraram o seu coração.


O SOFRIMENTO
Ele descreveu a sua experiência com as seguintes palavras:

"Apenas o próprio Deus conhecia a angústia do meu espírito triste.
As lágrimas eram o meu alimento de dia, e sonhos de terror à noite.
Meu pensamentos eram como facas afiadas que cortavam meu coração em pedaços. Eu não podia ser confortado.
A minha amada Bíblia não me dava nenhuma luz. Não conseguia orar.
Senti que a minha fé tinha morrido e que Deus tinha me abandonado...". 

Spurgeon estava no vale da sombra da morte. Sua alma desespero existencial e seu coração esmagado pela tirania daquela tribulação indescritível.


O RECOMEÇO!
No entanto, o Deus que levanta os abatidos, manifestou a sua graça restauradora trazendo conforto  e novo ânimo.

“Como um clarão de um relâmpago minha alma voltou para mim”.
"Estava livre! A porta da minha prisão se abriu".
"Eu saltei de alegria em meu coração".

Spurgeon voltou a pregar. Um ano depois ele pregou para 24 mil pessoas, em um culto de oração convocado pela coroa inglesa em favor da nação (o maior público para o qual ele pregou de uma só vez).

O último dos puritanos, foi devidamente chamado de “O Príncipe dos Pregadores”. Seu ministério foi ricamente abençoado até o fim dos seus dias, em 31 de janeiro de 1892. Ainda hoje Spurgeon inspira muitos pregadores e edifica a igreja de Cristo por meio dos seus livros e sermões. 


SETE LIÇOES BÁSICAS SOBRE A TRAGÉDIA DO DIA 19 DE OUTUBRO.

1)   Um boato pode matar.
2)   A mentira é filha do diabo que é assassino desde o princípio.
3)   Uma tragédia, sobretudo quando implica em morte, é sempre uma provação para fé.
4)   Ser fiel a Deus não garante imunidade ao sofrimento.
5)   Diante da dor, a presença de Deus pode tornar-se imperceptível.
6)   A graça de Deus é suficiente para acompanhar o crente pelo vale da sombra da morte.
7)   Um acidente no meio do caminho não impossibilita um final vitorioso.