terça-feira, 30 de setembro de 2008

O PAPEL DO VEREADOR

No próximo domingo os brasileiros irão eleger seus prefeitos e vereadores, funções importantes para o desenvolvimento dos municípios. No entanto, é lamentável que ambos os cargos estejam tão prostituídos. Muitos dos candidatos sequer saberiam responder, se argüidos fossem acerca dos direitos e deveres do Prefeito e do Vereador. Ao assistir o Programa Eleitoral Gratuito, salvo às raras exceções, o que se pode ver na TV, é a simbiose do burro motivado, (que deseja fazer algo, mas não sabe o que), com o esperto ganancioso, cuja motivação não é servir a comunidade, mas espoliar o erário público tirando vantagens inescrupulosas. No caso dos vereadores, a maioria, me arrisco a dizer, não tem a mínima idéia do que significa a palavra vereador. Nesse caso é bom lembrar aos eleitores que o verbo verear significa administrar, reger, governar. Portanto, o vereador é “aquele que verea”; ou seja, é o cidadão eleito para cuidar da liberdade, da segurança, da paz e do bem estar dos munícipes. O vereador é servidor público que legisla em favor do povo e fiscaliza as ações do executivo (Prefeito) para o bem do povo.

O vereador, no exercício do seu mandato, tem direitos e deveres constitucionais; entre eles destaco alguns deveres, tendo em vista que, no que tange aos direitos, eles parecem conhecer muito bem. Vejamos: (1) Julgar o Prefeito e Vereador em determinadas infrações. (2) Fiscalizar os atos do Prefeito, formando crítica construtiva e esclarecedora (3) dar atenção aos eleitores, em pleitos coletivos e individuais (4) manter a probidade política e administrativa, imune aos desvios do mandato, ou seja, ter conduta retilínea. Em linhas gerais é dever do vereador lutar pela construção e funcionamento de escolas; construção e funcionamento de hospitais e postos de saúde; abertura de estradas, pavimentação de vias públicas urbanas; abastecimento de água e energia elétrica. Muito dos vereadores em exercício necessitam aplicar estas e outras responsabilidades, pois, para isso é que foram eleitos. Patrocinar churrasco que queima os neurônios do povo e bebida que entorpece o senso crítico das pessoas não é agir como legítimo Vereador.

Como cidadão você deve votar em candidatos éticos e capazes. Não se esqueça que cidades inteiras estão na miséria por conta de uma Câmara Municipal moralmente corrompida, politicamente alienada e culturalmente ignorante. Precisamos de vereadores que conheçam e cumpram os seus deveres em favor do povo. Para tanto, você deve ser responsável e votar com sabedoria.

EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR NO DIA 5 DE OUTUBRO?

Os últimos acontecimentos no cenário político nacional parecem ter sepultado definitivamente a esperança dos brasileiros. De norte a sul, um misto de indignação e desânimo se instalou no coração do povo. Se possível, muitos não iriam às urnas nas próximas eleições, tamanho o desgaste e o desgosto com a “política” dos mensaleiros e sanguessugas. O desencanto com a política é justificado. Quem não se cansa de tantos escândalos de corrupção?
No entanto, há duas razões pelas quais devemos votar. Primeiro porque o voto é obrigatório. A Lei determina que o cidadão, devidamente habilitado, participe das eleições. Mas há outra razão toda especial, votar é um privilégio garantido democraticamente. No Brasil esse direito foi conquistado com suor e sangue. Portanto, precisa vir acompanhado de um profundo senso de responsabilidade. A pessoa na qual eu vou votar estará me representando nas ações que precisam ser tomadas para melhorar e transformar este país em uma sociedade mais humana e justa?
Sugiro que nós todos levemos em consideração alguns princípios a fim de votar com responsabilidade ética e social.

1) ELE (A) É CAPAZ? Verifique se o candidato tem competência para exercer o cargo que está pleiteando.


2) NOS MANDATOS PASSADOS ELE (A) FEZ O QUE PROMETEU? Analise se a história política do candidato (a) inspira confiança.


3) EM SUA CARREIRA POLÍTICA HÁ ALGUMA MANCHA DE CORRUPÇÃO? Consulte o site www.transparencia.org.br Conheça o histórico do seu candidato.


4) EM QUESTÕES SOCIAIS, MORAIS E ÉTICAS ELE (A)VOTARIA DE FORMA QUE EU VOTARIA? Busque se informar acerca do posicionamento político acerca dos importantes temas da vida pública.

Por fim, como cidadãos responsáveis, nossa ação política não termina no dia 5 de outubro. Devemos nos manter informados e construir uma consciência política amadurecida a fim de exigir que os candidatos eleitos cumpram seus mandatos com dignidade e respeito ao povo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MACHADO DE ASSIS, O GÊNIO DA LITERATURA BRASILEIRA

Joaquim Maria Machado de Assis foi um romancista, contista, poeta e teatrólogo brasileiro, considerado um dos mais importantes nomes da literatura desse país. Gênio da literatura nacional e mestre da língua portuguesa, foi o maior escritor afro-descendente de todos os tempos, segundo o crítico Harold Bloom.

Machado nasceu no Rio de
Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também na capital fluminense, em 29 de setembro de 1908. Viveu durante o longo reinado de Dom Pedro II, assistiu à proclamação da República e testemunhou os primeiros anos do século XX. É impressionante, sobretudo levando em conta o contexto do século XIX, que o menino mulato, filho de um modesto pintor descendente de escravos com uma simples portuguesa tenha chegado aonde ele chegou. Órfão de mãe muito cedo, e do seu pai, também órfão aos 12 anos, foi criado no morro do Livramento, hoje morro da Providência, a mais antiga favela Carioca. Sem meios para cursos regulares, aprendeu a ler com a madrasta, estudou como pôde, e se mostrou um notável autodidata que aos quinze anos, em 1855 estreou na literatura, com a publicação do poema "Ela", conquistando a admiração e a amizade do romancista José de Alencar, principal escritor da época. Seu primeiro livro foi lançado em 1864, Crisálidas (poemas).

Seu casamento, em
1869, com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais, foi um fato importante em sua biografia. Carolina foi sua companheira perfeita durante 35 anos, tendo-lhe revelado os clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa. Em 1873, ingressou no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Posteriormente, ascenderia na carreira de servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas.Podendo dedicar-se com mais comodidade à carreira literária, escreveu uma série de livros de caráter romântico.

A chamada primeira fase de sua carreira, foi marcada pelas obras:
Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), e Iaiá Garcia (1878), além das coletâneas de contos Contos Fluminenses (1870), , Histórias da Meia Noite (1873), das coletâneas de poesias Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875), e das peças Os Deuses de Casaca (1866), O Protocolo (1863), Queda que as Mulheres têm para os Tolos (1864) e Quase Ministro (1864).

Na segunda fase suas obras tinham caráter realista, tendo como características: a introspecção, o humor e o pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. Da segunda fase, são obras principais:
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), além das coletâneas de contos Papéis Avulsos (1882), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1906), Relíquias da Casa Velha (1906), e da coletânea de poesias Ocidentais. Em 1904, morre Carolina Xavier de Novaes, e Machado de Assis escreve um de seus melhores poemas, Carolina, em homenagem à falecida esposa.

Era Machado o maior nome vivo da Literatura no Brasil, quando um grupo de jovens, capitaneados por
Lúcio de Mendonça resolve finalmente pôr em prática a idéia da fundação da Academia Brasileira de Letras nos moldes da Academia francesa. Machado foi seu primeiro presidente e seu discurso de fundação em 1887 revela sua intenção em participar da Academia:

“Senhores, Investindo-me no cargo de presidente, quisestes começar a Academia Brasileira de Letras pela consagração da idade. Se não sou o mais velho dos nossos colegas, estou entre os mais velhos. É simbólico da parte de uma instituição que conta viver, confiar da idade funções que mais de um espírito eminente exerceria melhor. Agora que vos agradeço a escolha, digo-vos que buscarei na medida do possível corresponder à vossa confiança. Não é preciso definir esta instituição. Iniciada por um moço, aceita e completada por moços, a Academia nasce com a alma nova e naturalmente ambiciosa. O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda a casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloqüência nacionais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira. Está aberta a sessão”.
Machado de Assis, 1897

Muito doente, solitário e triste depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu em
29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho. Morreu cercado de fama e rodeado pelos amigos, na mesma cidade onde nascera, cidade que amara e retratara em sua extensa e valiosa obra.

O centenário da morte do escritor brasileiro Machado de Assis foi publicado no Diário Oficial da União, a
Lei nº 11.522, que institui 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis, assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil. A exposição “Machado Vive!”, sob a égide da Academia Brasileira de Letras, com a curadoria de Alexei Bueno, é uma rica oportunidade para conhecer, nas palavras do acadêmico Cícero Sandroni, presidente da Academia Brasileira de Letras, “uma exaustiva iconografia do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas, sua extensa bibliografia publicada em vida virtualmente completa, objetos que lhe pertenceram, relíquias da sua ambiência de criação e de trabalho, imagens do Rio de Janeiro pelo qual se movem quase todos os seus personagens, e no qual hoje nos movemos nós, eternamente ligados ao maior artista literário que ela deu para o Brasil e o mundo."

Penso que a melhor homenagem que podemos prestar ao maior gênio da literatura nacional é ler com devoção às suas primorosas obras e encorajar, com zelo e paixão, que os brasileiros conheçam esse ilustre mestre das letras. Compartilho aqui a minha experiência pessoal. Foi somente aos 23 anos de idade que li pela primeira vez uma obra de Machado de Assis (curiosamente, o seu primeiro romance, Ressurreição!). Comecei tarde, mas valeu e muito ter começado. Desde então, sou leitor assíduo, admirador apaixonado e incentivador fiel das obras de Machado de Assis, o príncipe da língua portuguesa.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

OLHOS SECOS E BRAÇOS CRUZADOS

Por Antônio Carlos Costa, Presidente do Rio de Paz

"Essa foi uma época em que toda a Inglaterra trabalhou e se esforçou até o limite máximo e esteve mais unida do que nunca. Homens e mulheres esfalfavam-se nos tornos e máquinas das fábricas até caírem no chão, exaustos, e terem de ser arrastados para longe e mandados para casa, enquanto seus lugares eram ocupados por outros que já haviam chegado antes da hora... o sentimento de medo parecia ausente do povo, e seus representantes no parlamento não ficaram aquém deste estado de ânimo... muitíssima gente se mostrava decidida a vencer ou morrer".

O relato acima foi feito pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Com profunda gratidão pela bravura do povo inglês, num período em que a Inglaterra encontrava-se solitária na resistência ao nazismo, o grande estadista inglês lembra-se daqueles dias em que sua pátria foi salva pelo suor, união e coragem do seu próprio povo. Não resta dúvida de que o nosso estado carece de uma mobilização desta natureza por parte da sociedade civil. A pergunta, contudo, que se nos apresenta é: o que houve com o povo do Rio de Janeiro? Por um lado há a perplexidade com a patologia social que enfrentamos. Nunca tantos foram mortos sem clemência. Nunca tantos mataram sem remorso. Mas o mal sociológico que enfrentamos não é apenas caracterizado pela prática ativa do crime, ele está presente também nos olhos secos dos que contemplam a dor de milhares de famílias e nos braços cruzados dos que são meros espectadores da calamidade que nos cerca.

Quando ando pelas ruas da nossa cidade, fico pensando no que pode ser feito para tirar o cidadão carioca da apatia em que se encontra. O que fazer para que ele passe a sentir? Ou canalizar o sentimento que existe para algo concreto e que transforme? Como conscientizá-lo do poder que tem de mudar a história desta cidade a massa que lota a Sapucaí, o Maracanã e a praia de Copacabana?Muito embora saiba que não está no homem o poder de transformar os sentimentos de uma pessoa, entendo que ninguém é mudado no campo das emoções enquanto não for mudado no campo da razão. A verdade liberta. Por isso, gostaria de levar os cidadãos da nossa cidade a considerarem os seguintes fatos:

1. Não devemos esperar a tragédia alcançar a nossa família para passarmos a agir. Fazer algo antes da dor nos atingir é sinal revelador de que não precisamos ser feridos na alma e na carne a fim de aprendermos a ser gente.

2. O jogo político-eleitoral tem minado a liberdade de ação dos nossos governantes. Muitos sabem o que devem fazer, mas não podem. Estão presos, sujeitos as táticas de intimidação dos que conhecem o caminho que aqueles tomaram para chegar ao poder. O Presidente da República, numa entrevista recente, disse que todos praticam esse jogo. Sem participação popular não haverá solução. Temos que acompanhar de perto as ações do governo, apoiá-lo em toda iniciativa que vise o cumprimento da constituição federal e defesa da vida, e não tolerarmos atrasos na peleja contra a barbárie ou cumplicidade com o crime.

3. O protesto nas ruas é um meio democrático e eficaz de transformação. Os franceses o chamam de "le pouvoir de la rue". O poder da rua. Nações desenvolvidas sabem disso e o praticam até hoje.

4. A organização da sociedade para a participação pacífica dá-se de modo simples. Igrejas podem participar. Não sei se há um lugar melhor para começar. Ali as pessoas já estão juntas. É só ter alma. Associações de moradores, uniões de estudantes e até torcidas de futebol podem ser organizar para a batalha em favor da vida.

5. Se nós do Rio de Janeiro nos organizarmos para o combate à violência, nossa afamada alegria não será vista como a alegria dos alienados e descerebrados.

Povos do passado, unidos, venceram conflitos mais graves do que os nossos. Nós cariocas estamos diante da possibilidade de fazer correr pelo mundo inteiro a notícia de que a batalha contra o crime na nossa cidade, foi vencida por um povo que não se reúne apenas para sambar, mas para lutar pela justiça e paz também.

A LOUCURA DO QUINTO HOMEM MAIS RICO DO MUNDO

A notícia de que o quinto homem mais rico do mundo está construindo a casa mais cara do mundo deve ser colocada lado a lado com o pronunciamento do deputado Ciro Gomes: “O que gera a violência é a justaposição da miséria com a opulência e a excitação da aspiração da felicidade referida ao consumo”. Segundo a Agência Ansa, o indiano Mukesh Ambani pretende inaugurar no centro de Mumbai seu novo lar, estimado em 2 bilhões de dólares, daqui a um ano.

O prédio terá 27 andares e nove elevadores. A mulher de Ambani pretende decorar cada andar de modo diferente. Além de seis andares só de estacionamento, a supermansão terá uma grande sala para cerimônias, uma sala de espetáculos e um heliporto. Sobre ser a casa mais rica, será o mais alto edifício da Índia (72 metros mais baixo que o Morro da Urca, no Rio de Janeiro). O presidente da Reliance, sociedade que atua em vários setores, em especial o de petróleo, e a mulher dele deveriam ler aquela passagem bíblica que diz: “Ai de vocês que adquirem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades, até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra!” (Is 5.8).

CÉU SEM INFERNO

Houve um inglês de origem humilde que, em 1878, declarou guerra contra duas poderosas frentes: a pressão da pobreza e o poder do pecado. Doze anos mais tarde, ele publicaria seu único livro: “In Darkest England -- and the Way Out” (Na Inglaterra mais escura -- e o caminho de saída). Trata-se de William Booth (1829-1912), o pastor metodista que fundou o Exército de Salvação. Quando alguém lhe perguntou quais seriam os maiores perigos doutrinários do século 20, ele respondeu de pronto: “Religião sem Espírito Santo, cristianismo sem Cristo, perdão sem arrependimento, salvação sem novo nascimento, política sem Deus e céu sem inferno”.
Publicado na coluna Notícias da revista Ultimato.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O CONHECIMENTO DE DEUS

Para que o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Efésios 1.17
Penso que você, tal como eu, tem muitas necessidades. Isso é comum ao ser humano. Mas você sabe qual é a sua maior necessidade? Paulo entende que a maior necessidade dos homens é conhecer a Deus, razão pela qual ele ora pedindo que os cristãos efésios (e nós também) cheguem ao pleno conhecimento de Deus. Note bem, eles tinham outras necessidades, como por exemplo: comer, beber, trabalhar, cuidar dos filhos... etc. Embora essas coisas fossem importantes, Paulo pediu que eles tivessem conhecimento do Pai da glória, pois essa é a nossa maior necessidade. Você entende isso? Reconhece que conhecer a Deus é a sua maior necessidade?

Pare e pense. Quando falamos em conhecer a Deus, o que vem a sua mente? Que tipo de conhecimento Paulo está falando? Penso que não se trata, necessariamente, de conhecimento intelectual ou teórico. É importante conhecer as doutrinas (conjunto de ensinamentos) sobre Deus. O ideal é que todo cristão conheça bem as doutrinas cristãs, pois crer é também pensar! Todavia, há algo que vai para além de conhecer verdades teológicas. Penso também que Paulo não está falando sobre conhecer as bênçãos de Deus, tendo em vista que uma pessoa pode ser abençoada e continuar não conhecendo o abençoador, nosso Deus e Pai. A palavra grega epignosis (pleno conhecimento) nos ajuda então a entender o que Paulo está falando. Trata-se de um conhecimento experimental, íntimo e pessoal. Paulo ora para que eles cresçam na comunhão e na intimidade de Deus.

Conhecer as doutrinas sobre Deus e as bênçãos de Deus pouco adianta se não houver conhecimento do Deus das doutrinas e das bênçãos. Você tem tido esse conhecimento experimental, íntimo e pessoal com Deus?

“Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor e ajo com lealdade, com justiça e com retidão, sobre a terra, pois dessas coisas que me agrado, declara o Senhor” Jeremias 9.23-24 (NVI)

ORAÇÃO, UMA ARTE ESQUECIDA

Certa vez o evangelista Moody estava falando a um grupo de crianças em Edimburgo, na Escócia. Ele começou fazendo uma pergunta: O que é oração? Para surpresa do pregador, dezenas de mãozinhas se ergueram no salão. Então, Moody fez sinal para que um rapazinho respondesse e a resposta foi a seguinte: “Oração é a apresentação de nossas petições a Deus, solicitando-lhe coisas que estejam de acordo com a sua vontade, em nome de Cristo, com a confissão de nossos pecados, agradecendo e reconhecendo suas misericórdias.” Depois de ouvi-lo, Moody disse: “Dê graças a Deus, meu rapaz, de haver nascido na Escócia”. A Escócia naquele período, meados do século 19, desfrutava de uma vitalidade espiritual impressionante. Na Igreja pastoreada por Robert McCheyne, na cidade de Dundee, havia trinta reuniões de oração semanais, cinco das quais, eram reuniões de oração das crianças.

A Igreja contemporânea, salvo algumas exceções, é composta por uma geração de crentes que não mantém uma regular vida de oração. A arte de orar é desconhecida por muitos. O inimigo de nossas almas tem feito de tudo para impedir a Igreja de orar. Não falta tempo para os esportes, para ver televisão e para o bate papo na internet, para passear, para as festas, para o trabalho e tantas outras coisas que tem o seu valor, mas que acabam sendo entraves, pois priva o cristão da oração. O diabo tem triunfado na tarefa de manter as pessoas ocupadas demais para orar. Deus tenha misericórdia de nós.

O Dr. Lloyd Jones diz que “a oração é a coisa mais difícil que tentamos fazer e maior coisa que fazemos”. Há duas verdades na sua fala. A oração é uma luta. Um homem preguiçoso não ora e não pode orar, porque a oração demanda muita energia. Mas quando a Igreja ora os céus se movem, o inferno treme e as coisas acontecem na terra.
Há em toda bíblia muitas orações que foram registradas através das quais podemos aprender preciosas lições. São orações didáticas que mostram como os notáveis homens e mulheres de Deus oravam. Na escola da oração da Bíblia, a primeira lição pode ser aprendida com o apóstolo Paulo, “me ponho de joelhos diante do Pai”.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

JOHN LENNON E AS BOBAGENS QUE ENCANTAM OS BOBOS.


"O Cristianismo vai desaparecer. Vai diminuir e encolher. (...) Nós [Beatles] somos mais populares do que Jesus neste momento. Não sei qual vai desaparecer primeiro - o rock and roll ou o Cristianismo. Cristo não era mau, mas os seus discípulos eram obtusos e vulgares. É a distorção deles que estraga [o Cristianismo] para mim."

- Entrevista ao jornal Evening Standard a 4 de Março de 1966.


"A gente tem que agradecer a Deus ou seja lá o que for que está lá em cima pelo fato de que todos nós sobrevivemos."


"Sim, eu acredito que Deus é como uma usina de força, que Ele é um poder supremo, que não é nem bom nem ruim, nem de direita nem de esquerda, nem branco nem preto. Ele simplesmente é."


"Metade de mim pensa que sou um falhado, a outra metade pensa que sou Deus Todo-Poderoso."


“Eu tenho o maior medo desse negócio de ser normal. Eu sou um egomaníaco, mas quem não é?"


"As drogas me deram asas para voar, depois me tiraram o céu..."

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Operação Market-Garden: o fiasco dos Aliados na 2° Guerra Mundial.

Há 54 anos, no dia 17 de setembro de 1944, foi dada início a uma operação que pretendia por fim a guerra até o natal daquele ano. Mas, a operação foi um grande fiasco que culminou em muitas mortes, de ambos os lados. Se você estiver interessado em conhecer um pouco mais essa história, continue a leitura. Sugiro também que você assista o premiado filme A Bridge too Far que conta em detalhes como tudo aconteceu. Trata-se de uma aula de história.

Operação Market-Garden
Quando, em Setembro de 1944, os Aliados confrontados com dificuldades nas linhas de abastecimentos e com o endurecer da resistência alemã, o general Montgomery imaginou e mandou executar um dos mais engenhosos planos para aniquilar, antes do novo ano, o exército alemão.

Após quase dois meses de inatividade no difícil terreno da Normandia, os Aliados quebraram a linha defensiva alemã, dando início a um rápido e fulgurante avanço que levaria o XXI Exército até ao Canal Mosela-Escala já na fronteira com a Holanda. A 11 de Setembro, Montgomery encontrava-se a pouco mais de 160 quilómetros de Ruhr, uma das mais importantes regiões industriais da Alemanha. Nessa mesma data, o III Exército dos Estados Unidos comandado por Patton, alcançava o Sarre, outra região fabril vital para o esforço de guerra alemão.O plano de Montgomery, apresentado a Eisenhower no dia 10, consistia em usar a porta de serviço mais próxima - a Holanda - contando com o apoio de tropas aerotransportadas lançadas na retaguarda das linhas alemãs, as quais teriam por objetivo conquistar cinco pontes estratégicas da estrada entre Eindhoven e Arnhem.Tomadas as pontes caberia, ainda de acordo com o plano elaborado por Montgomery, à força aérea limpar o terreno por onde avançariam o 11º Exército britânico que, com a testa de ponte em Arnhem, não teria qualquer dificuldade em atingir Ruhr.

Seduzido pelo plano, se bem que não totalmente convencido da sua eficácia, Eisenhower deu luz verde a Montgomery. Este iniciou, de imediato, os preparativos da operação, baptizada com o nome de código de
Market Garden, que deveria ter lugar no dia 17 de Setembro.

Ponte de Arnhem: objetivo estratégico

Na Inglaterra ultimavam-se os preparativos para a maior operação aérea realizada até então, envolvendo 5 mil aviões e três divisões - a 1ª Divisão britânica e a 82ª e 101ª Divisões norte-americanas - contando ainda com o apoio da Brigada de pára-quedistas polacos. O número de homens e meios necessários obrigavam a prolongar as operações de transporte por três dias.
Na data prevista para o início da operação, 17 de Setembro, a 101ª Divisão dos EUA deveria tomar posição próximo de Eindhoven, abrindo a frente Sul; a 82ª Divisão deveria assegurar as posições situadas a meio caminho entre Eindhoven e Arnhem, cabendo-lhe tomar a ponte de Nimega. O ponto-chave de toda a operação, a ponte de Arnhem - uma centena de quilómetros a Norte das posições das forças terrestres - ficaria a cargo dos homens da 1ª Divisão Aérea Britânica, comandada pelo general Robert Urquarth.
A missão confiada a Urquarth e aos seus Diabos Vermelhos não primava pela facilidade, já que deveriam conquistar e manter as posições até à chegada da Infantaria e da Cavalaria, correndo o risco de ficar isolados caso estas últimas forças fossem travadas pelo inimigo.

Dificuldades inesperadas

Impossibilitado de transportar a totalidade dos homens e do material num só dia, Urquarth viu-se forçado a escolher um local distante da ponte de Arnhem para largar os seus homens, perdendo a vantagem da surpresa e arriscando-se a sofrer algumas baixas na progressão até ao alvo. Ao tomar conhecimento de que os alemães haviam instalado uma linha de defesa antiaérea junto a Arnhem, a RAF escolheu Renkum, doze quilómetros a Oeste do alvo, como posto de lançamento dos pára-quedistas. A partir daí seria lançado o ataque a Arnhem.
No meio da manhã de 17 de Setembro, um domingo, 4.700 aviões deixavam as bases inglesas. Às 13 horas e 30 minutos desse mesmo dia, os primeiros pára-quedistas tocavam solo holandês e, quase sem resistência, avançavam em direção ao seu objetivo.
De início tudo correu de acordo com o plano. Os planadores e os pára-quedistas chegaram ao solo sem qualquer problema, encontrando aqui e ali uma débil resistência por parte dos alemães, saudados à sua passagem por civis holandeses que lhes ofereciam flores, fruta e leite.
Depois, e ao contrário do previsto, foram obrigados a enfrentar duas divisões de blindados das SS que, ao compreenderem as intenções dos Aliados, encetaram um rápido avanço em direção à ponte de Arnhem.
Do lado dos Aliados, apanhados de surpresa pelo valor das tropas alemãs no terreno, a 1ª Brigada Aerotransportada britânica esforçava-se na manutenção da supremacia nas zonas escolhidas para a chegada da segunda vaga de assalto, agendada para a manhã do dia seguinte.
A segunda surpresa desagradável surgiu no momento que atingiram as primeiras aglomerações urbanas e as zonas densamente arborizadas: nesses locais, com conseqüências que se viriam a revelar trágicas, os rádios não funcionavam, privando a 1ª Brigada de contactos entre si e com as restantes forças.
O imenso fogo alemão impediu que os homens dos 1º e 3º Batalhões progredissem na estrada principal de Arnhem, obrigando-os a escolher estradas secundárias, uma manobra que os faria perder tempo e mobilidade no terreno. Menos problemas tiveram os homens do 2º Batalhão, sob o comando de
John Frost, que se movimentaram por uma estrada secundária.

Pouco depois, a calma daria lugar a uma violenta batalha. As investidas dos pára-quedistas do lado Sul da ponte revelar-se-iam infrutíferas, com as tropas alemãs a repelirem, um após outro, os ataques dos Aliados. A única nota positiva foi a impossibilidade de o comandante do II Grupo de Panzers das SS, Wilhelm Bittrich, enviar uma das suas divisões para reforçar as defesas de Nimega.

A carga das SS

A noite ficou marcada pelo recrudescer da violência. Uma após outra, em vagas consecutivas, as unidades alemãs lançaram-se ao assalto das posições defendidas pelos britânicos.
As armas ligeiras de que dispunham os soldados britânicos revelaram-se insuficientes para deter o avanço alemão. Mesmo assim, num combate desigual, os alemães acabariam por perder 22 carros blindados.
Travado pelos alemães, o general Urquarth - escondido durante 40 horas numa quinta no interior das linhas germânicas - viu-se impossibilitado de coordenar e participar numa das fases mais críticas e decisivas da batalha.
Mais tarde, já instalado no Hotel Hartenstein - no qual estava sediado o comando das tropas - Urquarth tomou, finalmente, conhecimento da situação dramática que se vivia na frente. Para cúmulo, a segunda vaga de assalto chegara com quatro horas de atraso e encontrava-se dispersa por uma zona demasiado ampla. E, como se não bastara, os pára-quedistas eram forçados a defender-se dos ataques dos carros de combate inimigos dispondo unicamente de armas ligeiras.
Terça-feira o cenário tornou-se ainda mais complicado. Frost continuava à espera dos reforços indispensáveis à conquista da ponte só que o nevoeiro que se fazia sentir impediu o transporte da brigada polaca para Arnhem. Urquarth, por seu turno viu-se privado de abastecimentos.
Perante este panorama sombrio, Urquarth, ciente de que as suas forças estavam irremediavelmente perdidas, acabaria por tomar uma decisão que tinha tanto de difícil como de inevitável: pôr termo às acções de conquista da ponte, fazendo recuar os batalhões que restavam da sua divisão até Hartenstein, deixando isolados os homens do 2º Batalhão. Em contrapartida, o regresso dos referidos batalhões permitiria defender Hartenstein até à chegada das forças terrestres.

Tragédia em Arnhem

Os homens do 2º Batalhão estavam exaustos. Quarta-feira, três dias depois de terem chegado a Arnhem, as hipóteses de sobrevivência eram poucas ou nenhumas. Os carros de combate alemães cruzavam livremente a ponte, avançando uma e outra vez contra as posições britânicas que, a 21, cederiam definitivamente.Os reforços chegariam apenas ao final do dia. Após um duro combate com as tropas alemãs, duas centenas de homens da Brigada polaca chegavam a Driel e, pouco depois, cruzam o rio e unem-se aos pára-quedistas britânicos. Na manhã do dia seguinte, uma unidade de Cavalaria britânica estabelece ligação com parte das exaustas forças aerotransportadas e com as forças terrestres.
No Sábado e no Domingo, com a situação dos homens de Urquarth a piorar de hora para hora, a Infantaria britânica alcança a margem oposta àquela em que se encontravam os pára-quedistas, completamente privados de meios de subsistência e de defesa. A ordem para a retirada das tropas foi dada na madrugada de 25 de Setembro. Na noite desse mesmo dia iniciou-se a operação Berlim. Filas de soldados, completamente esgotados, caminharam em silêncio até ao rio, sendo recolhidos por lanchas do II Exército britânico. Estava terminada a Operação Market Garden.Para a História ficava uma das mais gloriosas páginas do Exército britânico, escrita pelos homens da 1ª Divisão Aérea. Feitos que, contudo, não foram suficientes para evitar o fracasso da Operação Market-Garden.

As forças de Urquarth foram praticamente aniquiladas: dos mais de 10 mil soldados que lutaram em Arnhem regressaram pouco mais de 2.700. Do lado alemão, apesar de a batalha ter corrido a seu favor, as baixas foram igualmente pesadas, tendo perdido, ao longo dos 10 dias que duraram os combates, cerca de 3 mil homens.
Finda a batalha, os alemães retiraram todos os civis de Arnhem, deixando completamente deserta esta localidade holandesa.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

PATRÍCIO, O MISSIONÁRIO

Patrício é conhecido como “padroeiro da Irlanda”, mas, ao contrário do que muitos pensam, ele não era católico romano, nem tão pouco irlandês. Patrício nasceu na província romana da Bretanha em um lar cristão. Seu pai era diácono e seu avó sacerdote da igreja celta, uma igreja cristã independente que foi subjugada pela igreja católica romana a partir do Concílio de Whitby.

Pouco se sabe sobre os primeiros anos da vida de Patrício. Ao que tudo indica, apesar de nascer em um lar cristão, não era convertido à fé cristã. Mas, graças a providencia divina, sua vida mudou. Deus o amava e tinha um maravilhoso plano para realizar nele e através dele. Os irlandeses invadiram a costa da Bretanha e levaram muitos jovens para serem vendidos como escravos, dentre eles Patrício que cuidou de porcos por seis anos em uma fazenda. Esses anos de desolação foram importantes para refletir sobre seu estado espiritual. O Espírito regenerou seu coração como ele mesmo reconheceu: “O Senhor permitiu que compreendesse minha incredulidade e mostrou que, por mais tarde que fosse, eu podia lembrar das minhas faltas e voltar-me para Deus”. Patrício passou a ser fervoroso nas orações e a ouvir a voz do Senhor.


Uma vez de volta a Bretanha, depois de ter milagrosamente conseguido fugir, passou a viver com seus parentes. Tudo parecia ter voltado ao normal até que Deus o chamou na “calada da noite”, como ele relata em suas Confissões. Sua experiência foi marcante. “Vi um homem chamado Victório, como se viesse da Irlanda, com inúmeras cartas: e ele deu-me uma delas.” Enquanto lia a carta Patrício diz ter ouvido vozes dizendo: “Por favor, jovem santo, venha e ande entre nós novamente”. Depois de um período de estudos na Gália, ele chegou à Irlanda em 432 e por lá permaneceu até a sua morte.


Não foi nada fácil pregar o evangelho entre os pagãos. Por doze vezes ele sofreu risco de morte e passou por um seqüestro que durou duas semanas. Todavia, Patrício perseverou no caminho da obediência. Trinta anos depois duzentas igrejas cristãs estavam implantadas em toda a Irlanda. Cem mil pessoas tinham sido batizadas, inclusive inúmeras autoridades irlandesas. O mais notável em tudo isso é que ele tributava todo o sucesso desse empreendimento ao poder da palavra de Deus. Na atual conjuntura, eu diria que há muitas “Irlandas” aguardando as boas novas de salvação. Resta saber quantos estão dispostos a dizer sim ao chamado de Deus, tal como o notável Patrício, o missionário.

sábado, 13 de setembro de 2008

C.S. Lewis: a queda de um ateu

O ESCRITOR QUE CONSIDERAVA DEUS SEU INIMIGO E SE TORNOU UM DEFENSOR DA FÉ.

POR Ted Olsen, ex-editor-assistente da História Cristã, agora é editor da ChristianityToday.com.

“Ele era um homem pesado que parecia ter 40 anos, com um rosto carnudo e oval e compleição sadia. Seu cabelo preto já tinha deixado a testa, o que o tornava especialmente imponente. Eu nada sabia sobre ele, exceto que era o professor de Inglês da faculdade. Eu não sabia que ele tinha publicado algum livro assinando seu próprio nome (quase ninguém o fazia). Mesmo depois de eu ter sido aluno dele por três anos, nunca passou pela minha cabeça que ele poderia ser o autor cujos livros vendiam em média dois milhões de exemplares por ano. Uma vez que ele nunca falou de religião enquanto eu era seu aluno, ou até que ficássemos amigos, 15 anos depois, parecia impossível que ele fosse o meio pelo qual muitos vieram à fé cristã.”

Mesmo para seu melhor biógrafo e amigo de longa data, George Sayer, Clive Staples Lewis era uma surpresa e um mistério. Como J.R.R. Tolkien aconselhou Sayer: “Você nunca chegará ao fundo dele.” Mas compreender ou até mesmo concordar com Lewis nunca foram pré-requisitos para gostar dele ou admirá-lo. Seus livros continuam vendendo extremamente bem (a série As crônicas de Nárnia, por exemplo, está entre os 200 títulos top da Amazon.com) e muitos leitores o consideraram o escritor mais influente em suas vidas. Um feito e tanto para um homem que por muito tempo desacreditou “a mitologia cristã” e considerava Deus “Meu Inimigo”.

Lewis nasceu em Belfast, na Irlanda, numa família protestante que gostava de ler.“Havia livros no escritório, livros na sala de jantar, livros na chapeleira, livros na grande estante no alto da escada, livros no quarto, livros empilhados até a altura do meu ombro no reservatório de água no sótão, livros de todos os tipos”, Lewis lembrava, e tinha acesso a todos eles. Em dias chuvosos – e havia muitos no norte da Irlanda – ele tirava muitos volumes das prateleiras e entrava em mundos criados por autores como Conan Doyle, E. Nesbit, Mark Twain e Henry Wadsworth Longfellow.

Depois que seu único irmão, Warren, foi mandando para um colégio interno na Inglaterra em 1905, Jack tornou-se um recluso. Ele passava mais tempo com os livros e um mundo imaginário de “animais vestidos” e “cavaleiros de armadura”. A morte de sua mãe, de câncer, em 1908, tornou-o ainda mais introvertido. A morte da Sra. Lewis veio apenas três meses antes do décimo aniversário de Jack, e este jovem estava muito abatido pela perda de sua mãe. Além disso, seu pai nunca se recuperou totalmente da morte dela, e os meninos sentiram-se cada vez mais afastados dele; a vida em casa nunca mais foi agradável e satisfatória. A morte da mãe convenceu o jovem Jack de que o Deus que ele encontrava na Bíblia que sua mãe lhe dera não respondia sempre às orações. Esta dúvida inicial, somada a um regime espiritual excessivamente severo e autodirigido e a influência de uma governanta do colégio interno moderadamente ocultista alguns anos depois fizeram Lewis rejeitar o cristianismo e tornar-se ateu declarado.

Lewis entrou em Oxford em 1917, como aluno e, na verdade, nunca saiu. “O lugar ultrapassou meus sonhos mais incríveis”, ele escreveu a seu pai depois de passar seu primeiro dia lá. “Eu nunca vi nada tão lindo.” Apesar de uma interrupção para lutar na Primeira Guerra Mundial (na qual foi ferido pela explosão de uma granada), ele sempre manteve seu lar e amigos em Oxford. Sua ligação com o lugar era tão forte, que quando ele ensinou em Cambridge, de 1955 a 1963, ele voltava à Oxford nos fins de semana para que pudesse estar perto de lugares familiares e amigos que ele amava.

“O cristianismo, se é falso, não tem nenhuma importância, e, se é verdade, tem infinita importância. O que ele não pode ser é de moderada importância.” — C.S. Lewis

Em 1919, Lewis publicou seu primeiro livro, uma série de versos líricos sob o pseudônimo de Clive Hamilton. Em 1924, tornou-se instrutor de filosofia na University College, e no ano seguinte foi eleito membro do Magdalen College, onde ele era instrutor de Língua Inglesa e Literatura. Seu segundo volume de poesia, Dymer, também foi publicado sob um pseudônimo.

Conforme Lewis continuou a ler, ele apreciava de modo especial o autor cristão George MacDonald. Um volume Phantastes desafiou poderosamente seu ateísmo. “O que ele fez de verdade comigo, escreveu Lewis, foi converter, mesmo batizar... minha imaginação.” Os livros de G.K. Chesterton trabalharam da mesma forma, especialmente The Everlasting Man [O homem eterno], que levantava sérias questões sobre o materialismo do jovem intelectual.
“Um jovem que deseja permanecer um ateu assumido não pode ser muito cuidadoso com sua leitura”, Lewis escreveu mais tarde em sua autobiografia Surpreendido pela alegria. “Deus é, se posso dizer assim, muito inescrupuloso.” Enquanto MacDonald e Chesterton estavam mexendo com os pensamentos de Lewis, seu amigo intimo, Owen Barfield, atacava a lógica do ateísmo de Lewis. Barfield tinha se convertido do ateísmo para o teísmo, e então, finalmente, ao cristianismo, e ele freqüentemente atormentava Lewis sobre o seu materialismo. O mesmo fazia Nevil Coghill, um brilhante colega estudante e amigo de longa data, que, para a surpresa de Lewis, era “um cristão e um supernaturalista radical. Logo depois de entrar para a Faculdade de Inglês em Magdalen College, em Oxford, Lewis conheceu mais dois cristãos, Hugo Dyson e J.R.R. Tolkien. Estes homens tornaram-se amigos íntimos dele. Ele admirava sua lógica e o fato de que eram brilhantes. Logo Lewis percebeu que a maioria dos seus amigos, assim como seus autores favoritos — MacDonald, Chesterton, Johnson, Spenser e Milton — criam neste cristianismo.

Em 1929 estas estradas se encontraram e Lewis se rendeu, admitindo: “Deus era Deus e ajoelhei e orei.” Em dois anos, o relutante convertido também passou do deísmo para o cristianismo e entrou para a Igreja da Inglaterra. Quase imediatamente, Lewis tomou uma nova direção, mais notadamente em sua escrita. Os esforços anteriores para ser um poeta foram deixados de lado. O novo cristão devotou seu talento a escrever prosa, que refletia sua fé recém-encontrada. Depois de dois anos de sua conversão, Lewis publicou O regresso do peregrino (1933). Este pequeno volume abriu uma torrente de 30 anos de livros sobre a defesa da fé cristã e discipulado que se tornaram a ocupação de toda sua vida. Nem todos aprovavam seu novo interesse em apologética. Lewis recebia críticas dos membros do seu círculo mais íntimo de amigos, os Inklings (o apelido do grupo de intelectuais e escritores que se encontravam regularmente para trocar idéias). Mesmo amigos íntimos cristãos como Tolkien e Owen Barfield desaprovavam abertamente a fala e a escrita evangelísticas de Lewis.
De fato, os livros “cristãos” de Lewis causavam tanta desaprovação que mais de uma vez ele perdeu a nomeação para professor em Oxford, com as honras indo para homens com menores reputações. Foi no Magdalene College, na Universidade de Cambridge, que Lewis foi finalmente honrado com uma cadeira em 1955.Apesar da recepção que tiveram perto de casa, os 25 livros cristãos de Lewis, incluindo Cartas de um diabo ao seu aprendiz (1942), Cristianismo puro e simples (1952), As crônicas de Nárnia (1950-56), O grande abismo (1946), e A abolição do homem (1943), que a Encyclopedia Britannica incluiu em sua coleção de Grandes Livros do Mundo, venderam milhões de exemplares.

Embora seus livros tenham lhe dado fama mundial, Lewis era em primeiro lugar um estudioso. Ele continuou a escrever história e crítica literária, tais como The Allegory of Love [A alegoria do amor] (1936), considerado um clássico em sua área, e English Literature in the Sixteenth Century [Literatura inglesa no século 16] (1954).

Apesar de seus muitos feitos intelectuais, ele se recusou a ser arrogante: “A vida intelectual não é a única estrada para Deus, nem a mais segura, mas sabemos que é uma estrada, e pode ser a que foi apontada para nós. é claro, assim será enquanto mantivermos o impulso puro e desinteressado.”

Lewis teve pelo menos um choque de discordância em sua estrada intelectual: um debate em 1948 com a filósofa britânica Elizabeth Anscombe. Anscombe leu um trabalho diante do Oxford Socratic Club (um fórum que Lewis dirigiu por muitos anos) no qual ela atacou a recente publicação de Lewis, chamada Milagres, e todo seu argumento contra o naturalismo. Ela venceu naquele dia, e relatos dizem que ele ficou “profundamente perturbado” e “muito triste”. Ele nunca mais escreveu sobre apologética pura, embora continuasse a comunicar sua fé através da ficção e de outras formas literárias.
Os livros não eram o único meio de compartilhar sua mensagem. Em 1941, o diretor de transmissão religiosa da BBC (que encontrava conforto pessoal através da leitura de O problema do sofrimento) perguntou se Lewis estaria interessado em falar no rádio. Embora o escritor odiasse rádio, ele reconheceu a oportunidade de alcançar uma audiência maior. O resultado foi sete grupos de conversas, transmitidos entre 1941 e 1944, com títulos como “Right and Wrong: A Clue to the Meaning of the Universe?” [Certo e errado: uma idéia do significado do universo?] e “What Christians Believe” [No que acreditam os cristãos].
As transmissões semanais eram muito populares – justamente o que os britânicos precisavam, pois andavam desencorajados e cansados da tristeza da Segunda Guerra Mundial. Sayer conta: “Eu me lembro de estar num bar cheio de soldados em uma noite de quarta-feira. às 7h45, o barman ligou o rádio no programa de Lewis. ‘Ouçam este sujeito’, ele gritou. ‘Vale realmente a pena ouvi-lo.’ E os soldados ouviram com atenção por todos os 15 minutos.”
Além da fama crescente de Lewis como palestrante e um defensor da fé, as conversas na BBC produziram, pelo menos, dois grandes resultados. Um foi o livro Cristianismo puro e simples (1952), uma coleção destes programas, que agora é a segunda obra mais vendida de Lewis. O outro foi um dilúvio de correspondências, incluindo muitas cartas de pessoas que buscam algo no mundo espiritual para quem ele desejava dar uma resposta pessoal e detalhada. O grande volume de cartas levou-o a buscar a ajuda de seu irmão Warren como secretário, mas não lhe impediu de criar respostas que mostravam a mesma clareza de pensamento e graça literária encontrada em toda a sua obra.
Um correspondente em particular teve um papel importante na vida de Lewis. Em 1950, ele recebeu uma carta de Joy Davidman Gresham, uma nova-iorquina que se tornou cristã lendo O grande abismo e Cartas de um diabo a seu aprendiz. Lewis ficou impressionado com sua escrita e com a mente por trás de tudo e uma correspondência alegre e intensa se seguiu.

Dois anos depois, Joy atravessou o Atlântico para visitar seu mentor espiritual na Inglaterra. Logo depois, seu marido alcoólatra a abandonou para viver com outra mulher e ela se mudou para Londres com seus dois filhos adolescente, David e Douglas.Joy aos poucos entrou em problemas financeiros. Lewis a ajudou, assumindo as despesas do colégio interno dos meninos e pagando o aluguel de uma casa não muito longe da sua. Entre os dois cresceu uma profunda amizade, para o desgosto de muitos dos amigos de Lewis. Joy tinha muitos pontos contra ela: era americana, de descendência judia, ex-comunista, 16 anos mais jovem que Lewis, divorciada e pessoalmente abrasiva. Entretanto, ela estimulava a escrita de Lewis, e ele gostava de sua companhia.

Ainda assim, não foi o amor, em primeiro lugar, que os motivou a se casarem em 1956 – Joy não conseguiu renovar sua permissão para viver na Inglaterra; sua única chance de ficar no país, então, era casar-se com um inglês. Lewis, galantemente, ofereceu seus préstimos.

Poucos meses depois da cerimônia de casamento civil, algo aconteceu para levantar as emoções de Lewis. Depois de uma queda grave em sua casa, Joy foi diagnosticada com câncer nos ossos. “Desde que ela foi atingida por esta notícia, eu a tenho amado mais”, Lewis escreveu a um amigo. Os dois se casaram numa cerimônia religiosa, com Joy de cama, e ela se mudou para a casa de Lewis, possivelmente para morrer.
No que pareceu um milagre, sua condição melhorou e ela e Lewis viveram três anos felizes juntos. Como ele escreveu para um amigo logo depois do seu casamento: “é engraçado ter aos 59 anos o tipo de felicidade que a maioria dos homens tem aos 20... ‘Mas você guardou até agora o melhor vinho’”.

Uma escritora por seus próprios méritos, sua influência sobre o que Jack considerou seu melhor livro, Till We Have Faces [Até que tenhamos rostos] (1956), foi tão profunda que ele contou a um amigo próximo que ela foi, na verdade, sua co-autora. A morte de Joy, em 1960, assim como a de sua mãe, foi para Lewis um duro golpe. O melhor modo que ele conhecia para lutar contra seus sentimentos de luto, raiva e dúvida era escrever um livro. A anatomia de uma dor apareceu em 1961, e veio ao público sob um pseudônimo, porque era algo tão íntimo e pessoal queLewis não suportaria publicá-lo com seu próprio nome. Poucos exemplares foram vendidos até que ele foi relançado com o nome verdadeiro do autor, após a sua morte. No verão e outono de 1963, a saúde de Lewis se deteriorou. Ele morreu enquanto dormia, no dia 22 de novembro: no mesmo dia em que John F. Kennedy foi assassinado. Talvez por causa do choque mundial pela morte do presidente, Lewis quase não foi mencionado nos jornais, e seu funeral teve a participação de sua família e de seus amigos íntimos, incluindo os Inklings.
Lewis pode ter sido enterrado sem alarde, mas seu impacto nos corações e vidas nunca parou de crescer. Nas palavras do líder evangélico John Stott, “Ele era centrado em Cristo, um cristão de tendência da grande tradição, cuja estatura, uma geração após sua morte, parece maior do que qualquer um jamais pensou enquanto ele estava vivo, e cujos escritos cristãos são agora vistos como tendo status de clássico... Eu duvido que alguém tenha conseguido enxergá-lo completamente”.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

AFINAL, O QUE É A PORNOGRAFIA MESMO?

Por Augustus Nicodemus Lopes

Alguém já disse que é mais fácil reconhecer a pornografia do que defini-la. Os dicionários nos dizem que pornografia é o caráter imoral ou obsceno de uma publicação. Material pornográfico é aquele que descreve ou retrata atos ou episódios obscenos ou imorais. Essas definições não ajudam muito pois conceitos como "obscenos" e "imorais" são bastante subjetivos no mundo de hoje. Classificar material pornográfico em "soft" (nudez e sexo implícito) e "hardcore" (sexo explícito contendo cenas de degradação, violência e aberrações) só ajuda didaticamente. Para muitos, Playboy é uma revista pornográfica. Para outros, não. Entretanto, da perspectiva da ética bíblica, a definição acima é mais que suficiente.

A popularidade da pornografia
É exatamente pela complexidade do assunto, agravado pela omissão de boa parte das igrejas no Brasil, que muitos evangélicos estão confusos quanto ao mesmo, e não poucos são viciados em alguma forma de pornografia. Aqui estão as minhas razões para essa constatação:

1) A tremenda popularidade da pornografia no mundo de hoje. Uma estatística de 1995 revelou que os americanos gastam mais em pornografia do que em Coca-Cola. Não é difícil de imaginar que a situação no Brasil não seria muito diferente. Até países antigamente fechados, como a China, em 1993 assistiu a uma enxurrada de material pornográfico em seus limites, após ter aberto, mesmo que um pouco, as suas fronteiras para receber ajuda estrangeira. Mensalmente, cerca de 8 milhões de cópias de revistas pornográficas circulam no Brasil. Em 1994 a venda de vídeos pornôs chegou perto de 500 milhões de dólares. Não é de se admirar que as locadoras reservam cada vez mais espaço nas prateleiras para esses vídeos. Segundo uma pesquisa, em 1992, 1 a cada 4 brasileiros assistiu a um filme de sexo explícito. O mesmo fizeram 13% das mulheres entrevistadas. Em 1995 esse número dobrou para os homens e aumentou um pouco em relação às mulheres.
2) A imensa facilidade para se conseguir material pornográfico no mundo de hoje. Como na maioria dos demais países "civilizados" (uma conhecida exceção é o Irã) material pornográfico pode ser encontrado e consumido facilmente no Brasil em diversas formas: cinema, canais abertos de televisão, televisão a cabo e no sistema "pay-per-view", internet, fitas de vídeo, CD-ROMs com material pornográfico, gravuras, exposições de arte erótica, livros, revistas e vídeogames, entre outros. Parece não haver fim à criatividade do homem em utilizar-se dos avanços tecnológicos para a difusão da pornografia. Como disse o escritor francês Restif de la Bretone no século 18, "La dépravation suit le progrès des lumières" ("A depravação segue o progresso das luzes").

O que tem de mais em ver pornografia?
Muito embora os evangélicos em geral sejam contra a pornografia (alguns apenas instintivamente) nem todos estão conscientes do perigo que ela representa. Menciono alguns deles em seguida:

1) Consumir deliberadamente material pornográfico é violar todos os princípios bíblicos estabelecidos por Deus para proteger a família, a pureza e os valores morais. A própria palavra "pornografia" nos aponta esse realidade. Ela vem da palavra grega pornéia, que juntamente com mais outras 3 palavras (pornos, pornê e pornéuo) são usadas no Novo Testamento para a prática de relações sexuais ilícitas, imoralidade ou impureza sexual em geral. Freqüentemente essas palavras de raiz porn- aparecem em contextos ou associadas com outras palavras que especificam mais exatamente o tipo de impureza a que se referem: adultério, incesto, prostituição, fornicação, homossexualismo e lesbianismo. O Novo Testamento claramente condena a pornéia: ela é fruto da carne, procede do coração corrupto do homem, é uma ameaça à pureza sexual e devemos fugir dela, pois os que a praticam não herdarão o reino de Deus. A pornografia explora exatamente essas coisas — adultério, prostituição, homossexualismo, sadomasoquismo, masturbação, sexo oral, penetrações com objetos e — pior de tudo — pornografia infantil, envolvendo crianças de até 4 anos de idade.

2) Consumir deliberadamente material pornográfico é contribuir para uma das indústrias mais florescentes do mundo e que, não poucas vezes, é controlada pelo crime organizado. Segundo um relatório oficial em 1986, a indústria pornográfica nos Estados Unidos é a terceira maior fonte de renda para o crime organizado, depois do jogo e das drogas, movimentando de 8 a 10 bilhões de dólares por ano. Acredito que o quadro é ainda pior hoje. A indústria da pornografia apóia e promove a indústria da prostituição e da exploração infantil. O dinheiro que pais de família gastam com pornografia deveria ir para o sustento de sua família. Alguns podem alegar que consomem apenas material soft contendo somente cenas de nudez — esquecendo que esse material é produzido pela mesma indústria ilegal que produz e distribui a pornografia infantil.
Pornografia e a escalada da violência
Não são poucos os relatórios feitos por comissões de pesquisadores que denunciam a estreita relação entre a pornografia e a crescente onda de estupros, assédio sexual e exploração infantil nos países "civilizados". Vários dos temas mais comuns em pornografia do tipo hardcore incluem cenas de seqüestro e estupro de mulheres, geralmente com espancamento e tortura, além de outras formas obscenas de degradação. A mensagem que a pornografia passa aos consumidores é que quando a mulher diz "não" na verdade está dizendo "sim", e que se o estuprador insistir, ela não somente aceitará como também passará a gostar. Assim, a violência contra a mulher é exposta como algo válido e normal. A mulher é vista como objeto sexual a ser usado ao bel-prazer dos homens.
Uma outra forma de hardcore é a pornografia infantil. Esse material exibe cenas de sexo envolvendo crianças e adolescentes. Em alguns casos, crianças aparecem assistindo a cenas de sexo oral por adultos, em outras, são violentadas e estupradas por adultos. Já em outras, fazem sexo entre si. Esse material ilegal, mórbido, desumano e obsceno está disponível pela Internet até mesmo em servidores estacionados em universidades federais, conforme denúncias de jornais em dias recentes. Grandes provedores têm seções onde usuários podem bater papo sobre sexo e trocar imagens de sexo explícito com crianças, algumas delas tão degradantes, segundo uma denúncia feito pelo Instituto Gutemberg em Julho de 1997, que faz da revista "Penetrações Profundas" uma publicação para freiras.

Associado com a pornografia hardcore está o surto de violência sexual contra as mulheres e crianças nas sociedades modernas onde esse material pode ser obtido facilmente. Estudos por especialistas americanos mostram que existe uma estreita relação entre pornografia e a prática de crimes sexuais. Eles afirmam que 82% dos encarcerados por crimes sexuais contra crianças e adolescentes admitiram que eram consumidores regulares de material pornográfico. O relatório oficial do chefe de polícia americano em 1991 diz: "Claramente a pornografia, quer com adultos ou crianças, é uma ferramenta insidiosa nas mãos dos pedofílicos [viciados em sexo com crianças]". A pornografia está estreitamente associada ao crescente número de estupros nos países civilizados. Só nos Estados Unidos, o número conhecido pela polícia cresceu 500% em menos de 30 anos, que corresponde ao aumento da popularidade e facilidade em se encontrar material pornográfico. Cerca de 86% dos condenados por estupro admitiram imitação direta das cenas pornográficas que assistiam regularmente.

Crentes "voyeurs"?
Há boas razões para acreditarmos que o número de evangélicos no Brasil que são viciados em pornografia é preocupante. Pesquisadores estimam que nos Estados Unidos cerca de 10% dos evangélicos estão afetados. Considerando que no Brasil a facilidade de se obter material pornográfico é a mesma — ou até maior — que nos Estados Unidos, considerando que a igreja evangélica brasileira não tem a mesma formação protestante histórica da sua irmã americana, considerando a falta de posição aberta e ativa das igrejas evangélicas brasileiras contra a pornografia, como acontece nos Estados Unidos, não é exagerado dizer que provavelmente mais que 10% dos evangélicos no Brasil são consumidores de pornografia. Talvez esse número seja ainda conservador diante do fato conhecido que os evangélicos no Brasil assistem mais horas de televisão por dia que muitos países de primeiro mundo, enchendo suas mentes com programas que promovem a violência e o erotismo, e assim abrindo brechas por onde a pornografia penetre e se enraize.
Mais preocupante ainda é a probabilidade de que grande parte desse percentual é de jovens evangélicos adolescentes. Uma pesquisa feita por Josh McDowell em 22 mil igrejas americanas revelou que 10% dos adolescentes havia aprendido o que sabiam sobre sexo em revistas pornográficas. 42% deles disse que nunca aprendeu qualquer coisa sobre o assunto da parte de seus pais. E outros 10% confessaram ter assistido a um filme de sexo explícito nos últimos 6 meses. Uma extrapolação, ainda que conservadora, para a realidade das igrejas brasileiras é de deixar pastores e pais em estado de alarme.
O escândalo envolvendo o pastor Jimmy Swaggart em 1988 revelou abertamente uma outra face do problema, que há pastores evangélicos que também são viciados em pornografia. Uma pesquisa feita em 1994 entre pastores evangélicos americanos revelou uma relação estreita entre o consumo de pornografia e a infidelidade conjugal. Por causa do receio de serem apanhados e de estragarem seus ministérios, muitos pastores optam por consumir pornografia como voyeurs a praticar o adultério de fato, embora alguns acabem eventualmente caindo na infidelidade prática. Quando eu me preparava para escrever esse ensaio, li diversos artigos sobre pornografia publicados em revistas americanas e européias de aconselhamento pastoral. Muitos deles são abertamente dirigidos para ajudar pastores viciados em pornografia.
Falta de decência
Infelizmente parece que estamos nos acostumando à falta de decência. Tornamo-nos como os pagãos. Temos a mesma atitude que eles têm para com a nudez e a exposição dos órgãos sexuais. A arqueologia revelou que em muitas das paredes dos templos pagãos cananitas, que foram destruídos pelos israelitas quando conquistaram a terra (Lv 26.1; Nm 33.52), havia desenhos de órgãos sexuais masculinos e femininos. Essas são as formas mais antigas de pornografia que conhecemos. Os cananitas aparentemente representavam os órgãos genitais nas paredes para excitar os adoradores e estimulá-los à prática da prostituição sagrada. Os israelitas, em contraste, tinham uma atitude totalmente diferente quanto à exposição dos órgãos sexuais. Em suas Escrituras Sagradas estava escrito que Deus cuidou em cobrir a nudez do primeiro casal após a queda (Gn 2:25; 3:7-10). Havia uma preocupação em que as vestimentas cobrissem os órgãos genitais, ao ponto de que havia uma determinação na lei de Moisés de que o sacerdote deveria ter cuidado para não subir as escadas do altar de forma a deixar que seus órgãos genitais ficassem expostos (Dt 20:26). Cão, o filho de Noé, foi condenado por ter visto a nudez de seu pai. A própria Bíblia se refere à genitália de forma reservada, usando às vezes eufemismos como "nudez" (Lv 18), "pele nua" (Ex 28.42), "membro viril" (Dt 23.1), "entre os pés" (Dt 28.57) e "parte indecorosa" (1 Co 12.23), só para citar alguns exemplos. Podemos fazer alguma coisa, sim!
Acredito que os pastores e as igrejas evangélicas no Brasil podem fazer algumas coisas: ler os estudos e relatórios sobre os efeitos da pornografia feitos por comissões especializadas; pregar sobre o assunto e especialmente dar estudos para grupos de homens; desenvolver uma estratégia pastoral para ajudar os membros das igrejas que são adictos à pornografia; não esquecer que muitos pastores podem precisar de ajuda eles mesmos; criar comissões que se mobilizem ativamente contra a pornografia, utilizando-se dos dispositivos legais que o permitam (uma possibilidade é encorajar os políticos evangélicos a tomar posições bem definidas contra a pornografia); desenvolver uma abordagem que trate da sexualidade de forma bíblica, positiva e criativa; tratar desses temas desde cedo com os adolescentes da Igreja expondo o ensino bíblico de forma positiva; orar especificamente pelo problema. Não estou pregando uma cruzada de moralização, embora evidentemente a igreja evangélica brasileira poderia tirar bastante proveito de uma. A pornografia é um mal de graves conseqüências espirituais e sociais embora não acredite que devamos fazer dela o inimigo público número 1, como algumas organizações moralistas e fundamentalistas dos Estados Unidos. Afinal de contas, a raiz desse problema — e de outros — é o coração depravado e corrompido do homem, que só pode ser mudado pelo Evangelho de Cristo. Hitler conseguiu em 4 anos banir da Alemanha todas as formas de pornografia e perversão e incutir na geração jovem de sua época a aspiração por altos valores morais e pela pureza da raça ariana. Os motivos eram errados e o projeto de Hitler acabou no desastre que conhecemos.
Não acabaremos com a depravação moral somente com leis e discursos políticos. Jack Eckerd, um empresário milionário dono de um negócio que rendia mais de 2,5 milhões de dólares por ano, ao se converter a Cristo em 1986, determinou que todas as publicações pornográficas vendidas em suas 1.700 lojas fossem retiradas, mesmo que isso significasse a perda de alguns milhões de dólares anuais. Quando o coração é mudado as mudanças morais seguem atreladas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Darwin no Banco dos Réus


Apesar de ter sido publicado em 1993, o livro de Johnson continua atualíssimo. Pouca coisa surgiu nesse período que inovou a apologética antievolucionista além do que Johnson tem feito. O livro causou um grande impacto na comunidade científica por ocasião do seu lançamento, provocando reações, resenhas e contestações de grandes nomes do meio científico, como o renomado evolucionista Stephen Jay Gould. Muitos intelectuais consideraram essa obra como a primeira ameaça séria ao evolucionismo a aparecer nos últimos 40 anos. Johnson, graduado em Harvard e na Universidade de Chicago, escreve com maestria, lógica e domina a retórica.


O livro de Johnson não é o primeiro a questionar o dogma que a evolução é um fato científico inconteste. Em 1985 o pesquisador médico Michael Denton, um agnóstico australiano, agitou o meio científico com o livro Evolution: A Theory in Crisis [Evolução: Um a Teoria em Crise], cujo ponto era que o darwinismo estava em dificuldades diante das evidências contraditórias de campos diversos como paleontologia, biologia do desenvolvimento, biologia molecular e taxonomia. O livro de Johnson vai no mesmo caminho, embora partindo de diferentes premissas e usando um método distinto. A voz de Johnson se junta a muitas outras, em tempos recentes, que questionam o status de “fato” que o evolucionismo tem gozado na academia por quase duzentos anos.


A estratégia de Johnson em Darwin no Banco dos Réus é dupla. Primeiro, ele procura demonstrar que o evolucionismo está profundamente comprometido com o naturalismo filosófico-ateísta. Esse ponto está desenvolvido em capítulos como “As Regras da Ciência,” “A religião darwinista,” “A educação darwinista” e “Ciência e pseudociência.” Como tal, o evolucionismo se sustenta sobre pressupostos filosóficos e metafísicos, como o ateísmo e o naturalismo filosófico, tornando-se assim uma religião do tipo fundamentalista, o que tinge a análise dos dados e das evidências. Segundo, ele analisa as evidências que os evolucionistas apresentam como prova científica da sua teoria. É aqui que o expertise de Johnson mais lhe serve. Com sua capacidade ímpar de detectar o que está por detrás de argumentos, ele analisa essas evidências nos capítulos “A seleção natural,” “As mutações grandes e pequenas,” “O problema do registro fóssil,” “A seqüência dos vertebrados,” entre outros. O veredito é sempre o mesmo. O compromisso da ciência evolucionista com a visão ateísta e naturalista de mundo compromete e vicia seus resultados.

O livro é publicado em português pela Editora Cultura Cristã (LINK NESSE BLOG) e estará breve disponível para aquisição pelo site da editora.

INQUISIÇÃO EVOLUCIONISTA


Cientista fala sobre os preconceitos contra a teoria criacionista.
Entrevista concedida a Wendel Thomaz Lima


A controvérsia entre evolucionistas e criacionistas vem ganhando cada vez mais espaço na mídia e nas universidades. O geólogo Dr. Nahor Neves de Souza Jr. tem participado de vários debates no meio acadêmico.

No último dia 6 de junho, ele palestrou num mini-curso sobre a origem da vida para alunos de Biologia da Universidade de Taubaté (Unitau), no interior de São Paulo. O professor Nahor é um dos mais ativos divulgadores do criacionismo no Brasil. Ele é membro do Núcleo de Estudos das Origens (NEO) do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), no qual também leciona. Parte dos seus 30 anos de estudo da Geologia se transformaram no livro Uma Breve História da Terra, lançado em 2002 pela Sociedade Criacionista Brasileira. Nesta entrevista, o professor Nahor aponta as principais evidências científicas do criacionismo, critica o dogmatismo evolucionista e explica porque acredita ser possível conciliar ciência e religião.


WTL - Muitos críticos do criacionismo têm afirmado que esta teoria não possui evidências científicas. Esta informação procede? Por quê?
Dr. Nahor Neves de Souza Jr. - As evidências científicas do criacionismo são mais abundantes e mais consistentes, relativamente, àquelas levantadas pelo evolucionismo. Na Biologia, as evidências de planejamento e propósito estão presentes em todos os seres vivos. Já na Geologia, as rochas e os fósseis fanerozóicos, mediante a compreensão dos fenômenos geológicos globais, apontam, inequivocamente, para uma catástrofe de proporções globais (o Dilúvio bíblico).

WTL - O que seriam os fósseis fanerozóicos? E os fenômenos geológicos globais?
Dr. Nahor - O Fanerozóico corresponde a parte da coluna geológica que contém a maioria dos registros fósseis. Ao se analisar essa seqüência de camadas geológicas, verificam-se muitas evidências inequívocas de tempos bastante reduzidos (dias, semanas e meses), tanto para o rápido soterramento dos fósseis, como para a deposição contínua das respectivas camadas sedimentares. Além disso, ao se estudarem os fenômenos geológicos catastróficos atuais (soterramento da cidade de Armero, o maremoto do ano passado no sudeste asiático, etc), percebe-se a possibilidade de correlação entre estes recentes e aqueles passados (fenômenos geológicos globais) responsáveis pela mortandade generalizada de seres (hoje fósseis) fanerozóicos. Portanto, as centenas de milhões de anos atribuídas ao fanerozóico, pela Geologia convencional, deverão ser traduzidos por tempos equivalentes a poucos meses.


WTL - O senhor já sofreu preconceito na sua carreira acadêmica por defender o criacionismo?
Dr. Nahor – Não, até porque os temas ligados à minha especialidade, Geologia Aplicada à Engenharia, praticamente não se valem dos cálculos de bilhões de anos defendidos pela Geologia convencional.


WTL - Como o senhor avalia a abordagem que a imprensa nacional tem feito sobre o debate entre evolucionistas e criacionistas?
Dr. Nahor – Ela tem apoiado de modo incondicional e irrestrito as idéias evolucionistas. Portanto, uma abordagem extremamente tendenciosa, unilateral e, muitas vezes agressiva. Na imprensa não existe espaço para o modelo criacionista. E quando há, é tratado pejorativamente. Nas entrevistas, as respostas criacionistas, via de regra, são desvirtuadas. Antes de combater o Criacionismo, aqueles que o atacam deveriam conhecê-lo.


WTL - O senhor acredita que é possível conciliar ciência e religião? Por quê?
Dr. Nahor – Eu creio que existam duas importantes fontes de conhecimento legítimo: a Bíblia e a natureza. São muitos os exemplos de significativa harmonia da integração do conhecimento científico com o conhecimento bíblico. Ambos se complementam, possibilitando assim, em muitos casos, a mútua fiscalização, o que, por sua vez, tende a inibir qualquer tipo de dogmatismo, seja religioso ou científico.
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WTL - Alguns acreditam que Deus usou a evolução para criar, portanto, o relato bíblico seria simbólico. Por que os criacionistas não aceitam essa posição?
Dr. Nahor – Esta posição é conhecida como Evolucionismo Teísta. O primeiro problema com este modelo se refere às inconsistências e incoerências do próprio Evolucionismo. A tentativa de se associar o paradigma da evolução com o texto bíblico, de imediato, exige a reinterpretação dos primeiros 11 capítulos de Gênesis, transformando-os, de relatos históricos e literais, em narrativas simbólicas ou folclóricas do povo hebreu. Certamente, tal modificação descaracterizaria totalmente a Bíblia e a sua procedência divina. Um segundo aspecto, é que alguns teólogos do Evolucionismo Teísta se sentem ainda encorajados em retratar um deus humilde, que teria deixado a natureza livre para realizar a sua própria criação. Que deus então seria esse, que viabilizou um processo que se desenvolve de maneira extremamente lenta (centenas de milhões de anos), passando por um tortuoso caminho de morte e destruição, em que apenas o mais forte prevalece na luta pela sobrevivência, para finalmente atingir o objetivo supremo – a “criação” do homem? Teria esse mesmo deus extraído – deliberadamente – do registro fóssil todos os seres de transição? Em terceiro lugar, a lentidão do processo evolutivo e o fator competição são incompatíveis com as características de Deus, como relatadas na Bíblia. Logo, o Evolucionismo Teísta se revela como a estrutura conceitual que traduz as maiores incoerências entre a ciência e a religião bíblico-cristã.


WTL– O senhor já participou em debates na Unesp, UFMG, UFBA e Unitau. Eventos como estes não são comuns. O criacionismo tem ganhado credibilidade junto a comunidade científica? Por quê?
Dr. Nahor – Primeiramente, não sei se é credibilidade ou tolerância, já que existe ainda muito preconceito e desconhecimento do que seja o Criacionismo. Espero que os evolucionistas abandonem sua excessiva e infundada implicância, sua costumeira arrogância e se debrucem (com o verdadeiro espírito científico) sobre os bons textos criacionistas indicados, por exemplo, neste site (SCB – www.scb.org.br). Por outro lado, o desenvolvimento da ciência, especialmente na Biologia e Geologia, tem tornado a teoria evolucionista cada vez mais questionável, enquanto surgem consistentes modelos criacionistas com forte argumentação científica.


WTL - O senhor afirma que o evolucionismo e o criacionismo não são teorias científicas. Por quê?
Dr. Nahor – Ao se considerar o clássico método científico, que se baseia na experimentação e observação, tanto o evolucionismo como o criacionismo não podem ser classificados como teorias científicas, mas sim, estruturas conceituais (ou paradigmas). Os dois modelos recorrem, além da ciência, a outras fontes de conhecimento, ao não poderem aplicar o método científico para explicar a origem da vida e outros eventos ocorridos no passado. No caso do Criacionismo, a fonte legítima de conhecimento não científico é a Bíblia, que apresenta Deus como o agente criador. Já na filosofia evolucionista, o tempo e o acaso são capazes de realizar contínuos milagres criativos. Na verdade, não existe nenhum cientista puramente objetivo, pois a visão pessoal ou determinada postura filosófica influenciam a atividade científica muito mais do se imagina.


WTL - O senhor defende o ensino do criacionismo nas escolas públicas? Por quê?
Dr. Nahor - Criacionismo pressupõe um domínio suficientemente abrangente e a capacidade de integração (com equilíbrio) dos conhecimentos bíblico e científico. Infelizmente, são muito raros os educadores que estão preparados para essa função. A Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) está efetivamente empenhada em capacitar profissionais nesta área, há mais de 30 anos.


WTL - Por que o senhor considera o criacionismo mais consistente que o evolucionismo?
Dr. Nahor - Em primeiro lugar, por experiência pessoal – as pesquisas desenvolvidas no mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo, com rochas basálticas, me forneceram dados totalmente compatíveis com outras evidências que apontam para um cataclismo global. Ressalto ainda que os vários problemas enfrentados pelo evolucionismo não são periféricos ou superficiais. O paradigma evolucionista, muito embora não seja admitido por seus adeptos, está sendo solapado gradual e irreversivelmente ao ser questionado, nos seus fundamentos, não por criacionistas, mas, pela própria realidade dos fatos.


WTL - Uma pesquisa recentemente publicada na revista Época (03/01/05) mostrou que a maioria dos brasileiros não acredita no evolucionismo e defende o ensino do criacionismo nas escolas públicas. Como o senhor explica esses dados?
Dr. Nahor - Creio que ninguém ousaria taxar a maioria dos entrevistados de ignorantes. Resultado semelhante foi verificado com pesquisa realizada nos EUA. É interessante notar que, apesar de toda a imposição do Evolucionismo (semelhante ao exercício do poder político-religioso da Idade Média) nas universidades e na mídia em geral, o mesmo não consiga prevalecer.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

MUSSOLINI, um ditador legitimado pelo Papa.


Em fevereiro de 1929 o ditador italiano Benito Mussolini assinou um tratado com a Igreja Católica, selando a paz entre o Estado Italiano e a Santa Sé. A benção do Sumo Pontífice ao acordo de certo modo legitimou o líder fascista aos olhos do mundo católico e sedimentou uma estranha aliança entre um regime político que exaltava a violência e a guerra com uma religião que enaltecia o amor e a concórdia.

Da crítica à Igreja à aliança com o Papado
É interessante observar que a aliança entre o fascismo e o catolicismo não surgiu nos primeiros instantes. Ainda durante o Iº Congresso Nacional Fascista, realizado em Florença, em agosto de 1919, o poeta futurista Marinetti clamou pela "desvaticanização" da Itália, exigindo a conseqüente apropriação dos bens das ordens religiosas e a expulsão do Papa do país. Mussolini, por igual, iniciou-se na política como um anticlerical fervoroso, sendo que nos seus tempos de militante socialista havia afirmado, "quer à testa da Igreja esteja o jesuíta ou o modernista, sempre vemos nela a típica organização para exploração das consciências, o constante aliado do patrão, o núcleo de todas as forças reacionárias".
Pouco mais tarde, líder dos squadristi e caudilho de uma poderosa contra-revolução nacional, a situação se alterava. Em maio de 1920, antes de desencadear a Marcha sobre Roma, disse a um espantado IIº Congresso Nacional Fascista que o Vaticano representava "quatrocentos milhões de homens espalhados pelo mundo" e que uma política inteligente deveria usar essa "colossal força" para nossos próprios fins em vez de antagonizá-la!

Naquela ocasião deu-se o início da política fascista de aproximação com a Igreja Católica, que se consolidaria nove anos depois com a assinatura do Tratado e da Concordata no Palácio de Latrão.

Os motivos dessa aproximação, cada vez mais intensa, são simples: o ditador via na Igreja Católica a última representante do imperialismo romano e, como desejava reviver o espírito expansionista dos Césares, nada melhor do que contar com o apoio do Catolicismo. O novo César queria ocupar o espaço espiritual já estabelecido há séculos pelo trabalho de catequese da Igreja, logo bastava fazer algumas concessões ao Papado para que o sacerdote católico estendesse a mão ao legionário fascista para assim, em conjunto, realizarem um projeto de restauração: com isso o antigo totalitarismo teocrático aliava-se ao novo totalitarismo laico para fazer reviver as glórias da Roma Imperial. Provavelmente também seduziu Mussolini a idéia romântica de que ele fosse um Cola di Renzo (1313-1354) ressurgido do passado. Um aventureiro que, em nome do papa Clemente VI, de quem fora notário e tribuno, implantara uma ditadura em Roma, a partir de 1344, na tentativa de reerguer a grandeza do antigo império.
As razões de Pio XI para buscar uma aliança também são claras. O fascismo, de certo modo, era a última oportunidade da Igreja Católica para voltar a exercer influência sobre a sociedade civil. Desde a adoção universal da política liberal de separação do Estado e da Igreja, nenhuma outra oportunidade para o restabelecimento do poder religioso havia surgido. A isso se somou o arraigado anticomunismo da Igreja Católica. Pio XI, quando era núncio na Polônia, mobilizara-se junto ao general Pilsudski para repelir os soviéticos das portas de Varsóvia em 1920. Desde então, o papa entendeu ser o fascismo uma "barreira contra o comunismo" e, portanto, um aliado tático da Igreja Católica em curto prazo e um instrumento estratégico em longo prazo.

As negociações finais foram encabeçadas pelo próprio duce. A Concordata estabeleceu os seguintes pontos fundamentais: 1) o Estado Fascista reconhecia a autonomia da hierarquia eclesiástica como uma sociedade auto-regulada e privilegiada dentro da sociedade nacional; 2) transferia do Estado para a Igreja o controle dos casamentos entre católicos; 3) Impunha o ensino obrigatório da doutrina católica em todos os centros de ensino secundários e nas escolas elementares. Além disso, o Estado reconhecia todas as organizações relacionadas com a Azione Cattolica - a principal instituição católica a atuar na sociedade civil.
O Vaticano ainda foi beneficiado com 750 milhões de liras a título de indenização pela perda dos estados pontifícios, ocorrida em 1861-2, bem como teve direito a usufruir de títulos de renda correspondentes a um bilhão de liras ao interesse de 5%.

Assim sendo, em fevereiro de 1929, o ditador italiano Benito Mussolini assinou um tratado com a Igreja Católica, selando a paz entre o Estado Italiano e a Santa Sé. O cardeal estava tão emocionado com o acontecimento que não pôde terminar a leitura da carta credencial, tendo-a passado a Eugênio Roncalli, o Secretário de Assuntos Extraordinários da Sagrada Congregação, que leu os documentos com voz mais firme. Encerravam-se, assim, quase quatro anos de delicadas negociações entre o Estado Fascista e a Igreja Católica, acertando-se que:

Em nome da Santíssima Trindade,
Atenta:

Que a Santa Sé e a Itália reconhecem que convém descartar toda causa de diferença existente entre as duas e de acertar um regulamento definitivo entre suas relações recíprocas que esteja de acordo com a justiça e a dignidade das duas Altas Partes, e que, assegurem à Santa Sé, de uma maneira estável, uma situação de fato e de direito que garantam a sua independência absoluta para que ela possa cumprir com sua elevada missão no mundo, permitindo a esta mesma Santa Sé reconhecer resolvida de maneira absoluta , de modo definitivo e irrevogável, a "Questão Romana", nascida em 1870 durante a anexação de Roma ao reino da Itália sob a dinastia Sabóia;

É preciso assegurar à Santa Sé a independência absoluta e visível. Garanti-la de uma soberania indiscutível no domino internacional, e que, por conseguinte, é preciso constar a necessidade de constituir, através de modalidades particulares, a Cidade do Vaticano, reconhecendo, sobre este território, a plena propriedade, o poder exclusivo, absoluto, e a jurisdição soberana da Santa Sé.

Os resultados imediatos foram tão satisfatórios que Pio XI exultou e não se conteve em afirmar que o duce havia sido enviado pela Providência, segundo suas próprias palavras: “Um homem era necessário como aquele que a providencia colocou em nosso caminho: um homem que não partilhasse as preocupações da escola liberal..." (Pio XI sobre Mussolini, 1929). Passados exatos 10 anos, a despeito de todos os absurdos praticados por Mussolini, o Papa reiterou: "Il più grande uomo da me conosciuto, e senz’altro tra i più profondamente buoni ( Me foi dado a conhecer um grande homem sem reparos e profundamente bom)".

A história é uma grande professora!