terça-feira, 22 de julho de 2008

ADORADOR OU CONSUMIDOR?

A sociedade contemporânea é marcada pelo consumismo. Tudo parece girar em torno do poder de compra, quer seja um produto ou um serviço. “Penso, logo existo”, foi o que disse Descartes, famoso filósofo francês. Hoje sua frase parece sem sentido, tendo em vista que a nova regra é: “Consumo, logo existo”. As marcas desse comportamento têm sido objeto de estudo por muitos estudiosos do comportamento humano, e podem ser observadas inclusive nas igrejas cristãs. Uma das muitas tendências desse comportamento é ceder a tentação de ser um consumidor do culto quando a proposta bíblica é que a pessoa seja um adorador no culto. Mas qual é a diferença?
O adorador é alguém que foi regenerado pelo Espírito Santo e reconhece Deus como Senhor soberano do universo que, em Cristo, aceita o pecador e lhe concede a graça de chamá-lo de Pai. Portanto, como filho amado, ele anseia fazer a vontade do seu Deus e Pai. O consumidor, via de regra, é inconverso, não conhece a Deus nem tão pouco está disposto a fazer sua vontade.
O adorador participa do culto coletivo com o objetivo de agradar “o auditório de Um só”. Para tanto, ele se junta a outros adoradores na adoração ao Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. O consumidor assiste o culto como mais um na platéia e vê o pastor e as demais pessoas “envolvidas” como atores prestando um serviço religioso. Deus seria o ponto, o facilitador, alguém responsável para que a platéia se satisfaça. Tal pessoa canta, mas não adora, pois seu objetivo é ser entretido com as canções e discursos que levantem sua auto-estima e o faça bem.
O adorador procura ser fiel a Deus ainda que isso, temporariamente, custe a sua própria felicidade. O consumidor faz da felicidade seu alvo supremo, mesmo que isso implique em infidelidade a Deus. O adorador é um servo que busca a Deus para servi-lo. O consumidor é um tolo ignorante capaz de cogitar a possibilidade de domesticar o Senhor, pretendendo fazer deste, um servo de seus caprichos e vontades.
O adorador adora coletivamente, junto com os seus irmãos, mas também individualmente, na privacidade do seu quarto. Não apenas aqui ou ali, mas em todo lugar. Ele não vive em busca de lugar um sagrado onde Deus supostamente se manifesta, mas entende que sua vida é um santuário onde Deus habita. O consumidor vive atento às ofertas do mercado. Quando um santuário já não satisfaz, ele busca outro, e depois outro, pois ele não quer participar do culto, mas apenas consumir um culto.



Judiclay Silva Santos

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