terça-feira, 29 de julho de 2008

VIVA VOX EVANGELLI

Em muitos aspectos vivemos um tempo similar aquele que antecedeu à Reforma Protestante do século 16. No que tange a pregação da Palavra de Deus, a similaridade é grande. Naqueles dias, assim como hoje, o ministério da Palavra estava em declínio, para não dizer, totalmente arruinado. Hugh Latimer, um dos reformadores ingleses, em seu famoso “sermão do arado” pregado na Catedral de São Paulo, no dia 18 de janeiro de 1548, apresentou um retrato da realidade com as seguintes palavras: “Quem dera nossos prelados fossem tão diligentes para semear os grãos de trigo da sã doutrina quanto satanás o é para semear as ervas daninhas e o joio!” e advertiu com muita propriedade: “Onde o diabo está em residência e está com o seu arado em andamento, ali: fora os livros e vivam as velas!; fora as Bíblias e vivam os rosários!; fora a luz do evangelho e viva a luz das velas – até mesmo ao meio dia!; [...] vivam as tradições e as leis dos homens!; abaixo as tradições de Deus e sua santíssima Palavra[...]"
A situação nas igrejas cristãs, salvo as honrosas e raras exceções, é de extrema pobreza e mediocridade nos púlpitos. Por todo lado há almas famintas e sedentas, totalmente carentes de conhecer o “evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”, mas falta quem pregue a sã doutrina. Há muitos animadores de auditório, especialistas em entreter, mas totalmente inaptos a apascentar a Igreja com “todo conselho de Deus”. Dominicalmente é oferecida a igreja uma sopa rala que por sua natureza não nutre nem produz genuíno crescimento. O brilhante John Owen declarou que “o primeiro e principal dever de um pastor é alimentar o rebanho pela pregação diligente da Palavra”. Eis uma das maiores necessidades da igreja contemporânea: verdadeiros e diligentes pregadores da Palavra de Deus.
A Reforma, a despeito de todas as acusações de seus detratores, deixou um glorioso legado ao cristianismo, o resgate da pregação pública da Palavra de Deus. Lutero, Calvino, Zwínglio, Knox nenhum deles inventou a pregação, mas certamente lutou para que ocupasse a primazia no culto cristão. Eles exortavam os que estavam sob a sua liderança e eles mesmos buscavam para si, a excelência na pregação da Palavra Para tanto, eles tinham um pressuposto e uma motivação. Eles entendiam que a pregação da Palavra de Deus é “um meio de graça indispensável e sinal infalível da verdadeira igreja”. A incansável luta desses gigantes da fé tinha como alvo a glória de Deus. Esta era a santa motivação para subir ao púlpito e anunciar o evangelho da graça. A verdadeira pregação é a VIVA VOX EVANGELLI, a viva voz do evangelho. Não existe pregação sem exposição do evangelho que anuncia toda glória ao Deus de toda graça.
Encorajamos a todos que foram chamados para pregar o evangelho que o façam com integridade e excelência, na dependência e no poder do Espírito, tendo Cristo como centro da mensagem e a glória do Pai como alvo supremo. Aos pregadores do evangelho, a exortação de Alexander Whyte a um jovem pregador é oportuna: “Nunca pense em abrir mão da pregação! Os anjos em derredor do trono invejam sua grandiosa obra.”

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O MAL QUE HABITA EM MIM

O pecado é a maior força em operação no mundo, exceto o poder de Deus. Mas o mundo nega isto e trabalha para eliminar esta verdade. A propaganda enganosa é que o pecado é: “invencionice da igreja para manter o controle social”, “neurose obsessiva que perturba e adoece”, “fraseologia do passado incompatível com a sociedade do século XXI”. A força do pecado vem sendo subestimada, inclusive por muitos cristãos influenciados pelo humanismo secular. Mas os males decorrentes do poder do pecado estão por todos os lados, e ninguém pode negar. “De onde procedem as guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” [Tiago 4:1]. É certo que, quase todos os males que afetam a vida humana tem sua raiz na própria natureza humana corrompida.
A teologia da Queda, que trata a entrada e as conseqüências do pecado no mundo é uma das mais distorcidas, depreciadas e odiadas das doutrinas cristãs. Mas como disse o pastor Lloyd-Jones – “a maneira de medir a altura do amor de Deus é antes de tudo medir à profundidade de nossa própria depravação como resultado da queda”. Penso que a falta de louvor e gratidão a Deus pela redenção em Cristo é porque muitos ignoram a natureza do pecado que separa o homem de Deus. “A doutrina do pecado original nos diz que nós não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores, nascidos com uma natureza escravizada pela pecado... Nenhuma parte de nosso ser está isenta de pecado” (A Bíblia de Genebra).
O reformador Martinho Lutero, ao pensar sobre o poder do pecado na vida humana concluiu que “para praticar boas obras, a natureza humana se rebela, se contorce e esperneia. Ao passo que, praticar más obras, ela o faz com facilidade e gosto”. Anos mais tarde, outro notável teólogo, o suíço Emil Brunner, afirmou que o “pecador não é aquele que tem algo podre, como uma manchinha podre de uma bela maça que se tira com a ponta da faca, mas aquele que é podre no cerne, infestado de podridão”.
O mal que habita em nós, a terrível força do pecado leva o cristão a clamar como Paulo: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” O coração do apóstolo, inquieto e angustiado, só pôde sossegar ao dar “graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” [Cf. Romanos 7: 24-25a].O pecado é a maior força em operação no mundo, exceto o poder de Deus. Mas o mundo nega isto e trabalha para eliminar esta verdade. A propaganda enganosa é que o pecado é: “invencionice da igreja para manter o controle social”, “neurose obsessiva que perturba e adoece”, “fraseologia do passado incompatível com a sociedade do século XXI”. A força do pecado vem sendo subestimada, inclusive por muitos cristãos influenciados pelo humanismo secular. Mas os males decorrentes do poder do pecado estão por todos os lados, e ninguém pode negar. “De onde procedem as guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” [Tiago 4:1]. É certo que, quase todos os males que afetam a vida humana tem sua raiz na própria natureza humana corrompida.
A teologia da Queda, que trata a entrada e as conseqüências do pecado no mundo é uma das mais distorcidas, depreciadas e odiadas das doutrinas cristãs. Mas como disse o pastor Lloyd-Jones – “a maneira de medir a altura do amor de Deus é antes de tudo medir à profundidade de nossa própria depravação como resultado da queda”. Penso que a falta de louvor e gratidão a Deus pela redenção em Cristo é porque muitos ignoram a natureza do pecado que separa o homem de Deus. “A doutrina do pecado original nos diz que nós não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores, nascidos com uma natureza escravizada pela pecado... Nenhuma parte de nosso ser está isenta de pecado” (A Bíblia de Genebra).
O reformador Martinho Lutero, ao pensar sobre o poder do pecado na vida humana concluiu que “para praticar boas obras, a natureza humana se rebela, se contorce e esperneia. Ao passo que, praticar más obras, ela o faz com facilidade e gosto”. Anos mais tarde, outro notável teólogo, o suíço Emil Brunner, afirmou que o “pecador não é aquele que tem algo podre, como uma manchinha podre de uma bela maça que se tira com a ponta da faca, mas aquele que é podre no cerne, infestado de podridão”.
O mal que habita em nós, a terrível força do pecado leva o cristão a clamar como Paulo: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” O coração do apóstolo, inquieto e angustiado, só pôde sossegar ao dar “graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” [Cf. Romanos 7: 24-25a].

terça-feira, 22 de julho de 2008

“LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS ... Gl 6.2

Levar a carga uns dos outros é um imperativo para o povo de Deus.
Tal ordem expressa responsabilidade mútua entre os discípulos de Jesus Cristo.
Quando o apóstolo disse “levai as cargas uns dos outros”, ele deixou evidente duas coisas: Todos nós temos cargas; segundo, Deus não pretende que as carreguemos sozinhos. O plano divino é que a carga seja dividida, compartilhada.
Jesus levou a carga das nossas culpas e pecados. Todavia, isso não nos torna imunes aos problemas e adversidades da vida. Deus espera que levemos tudo a Ele em oração e que compartilhemos com nossos irmãos aquilo que não podemos levar sozinhos. Pessoas são usadas por Deus para nos abençoar. Paulo, uma vez atribulado, reconheceu que o “Deus que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de Tito” (2 Coríntios 7.5-6).
Existem situações que são da competência da pessoa enfrentar e resolver. O próprio Paulo também disse: “cada um levará o seu próprio fardo” (Gl 6.5). Este último versículo parece entrar em contradição com aquele que apresenta o mandamento de levar as cargas uns dos outros. Afinal, quem deve levar a carga do outro, a pessoa mesma ou nós também? A resposta está na compreensão das duas palavras chaves: carga e fardo. Fardo, no grego, phortion, era usado como um termo militar para a mochila de um soldado. Ou seja, o soldado não apenas conseguia carregá-lo, mas tinha a obrigação de carregar. Portanto existem coisas que eu devo levar, porque é minha obrigação e porque eu consigo levar. Mas a palavra carga, no grego, baros, refere-se aquilo que é pesado. Este peso é uma carga muito grande para alguém carregar sozinho.
Carregar a carga do outro é um ministério que precisa ser entendido e aplicado nas igrejas cristãs com toda diligência e amor. É possível que haja entre nós irmãos sobrecarregados. Essas cargas podem significar fraquezas morais, enfermidades físicas, necessidades financeiras, aflições espirituais e emocionais, etc. São cargas pesadas, impossíveis de serem carregadas por uma só pessoa.
“Os homens serão egoístas”, profetizou o apóstolo acerca dos últimos dias. Esse egoísmo é típico do mundo em trevas, mas os filhos da luz são encorajados a abençoar vidas que estão cansadas e necessitadas de ajuda para caminhar. Lutero disse que os cristãos devem ter “ombros fortes e ossos potentes” para ajudar uns aos outros. Levar a carga do outro significa cumprir a lei de Cristo, a lei do amor.

Judiclay Silva Santos

ADORADOR OU CONSUMIDOR?

A sociedade contemporânea é marcada pelo consumismo. Tudo parece girar em torno do poder de compra, quer seja um produto ou um serviço. “Penso, logo existo”, foi o que disse Descartes, famoso filósofo francês. Hoje sua frase parece sem sentido, tendo em vista que a nova regra é: “Consumo, logo existo”. As marcas desse comportamento têm sido objeto de estudo por muitos estudiosos do comportamento humano, e podem ser observadas inclusive nas igrejas cristãs. Uma das muitas tendências desse comportamento é ceder a tentação de ser um consumidor do culto quando a proposta bíblica é que a pessoa seja um adorador no culto. Mas qual é a diferença?
O adorador é alguém que foi regenerado pelo Espírito Santo e reconhece Deus como Senhor soberano do universo que, em Cristo, aceita o pecador e lhe concede a graça de chamá-lo de Pai. Portanto, como filho amado, ele anseia fazer a vontade do seu Deus e Pai. O consumidor, via de regra, é inconverso, não conhece a Deus nem tão pouco está disposto a fazer sua vontade.
O adorador participa do culto coletivo com o objetivo de agradar “o auditório de Um só”. Para tanto, ele se junta a outros adoradores na adoração ao Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. O consumidor assiste o culto como mais um na platéia e vê o pastor e as demais pessoas “envolvidas” como atores prestando um serviço religioso. Deus seria o ponto, o facilitador, alguém responsável para que a platéia se satisfaça. Tal pessoa canta, mas não adora, pois seu objetivo é ser entretido com as canções e discursos que levantem sua auto-estima e o faça bem.
O adorador procura ser fiel a Deus ainda que isso, temporariamente, custe a sua própria felicidade. O consumidor faz da felicidade seu alvo supremo, mesmo que isso implique em infidelidade a Deus. O adorador é um servo que busca a Deus para servi-lo. O consumidor é um tolo ignorante capaz de cogitar a possibilidade de domesticar o Senhor, pretendendo fazer deste, um servo de seus caprichos e vontades.
O adorador adora coletivamente, junto com os seus irmãos, mas também individualmente, na privacidade do seu quarto. Não apenas aqui ou ali, mas em todo lugar. Ele não vive em busca de lugar um sagrado onde Deus supostamente se manifesta, mas entende que sua vida é um santuário onde Deus habita. O consumidor vive atento às ofertas do mercado. Quando um santuário já não satisfaz, ele busca outro, e depois outro, pois ele não quer participar do culto, mas apenas consumir um culto.



Judiclay Silva Santos

Está na web.

Depois de pensar, conclui que seria bom manter um blog. Agora vou poder compartilhar artigos e mensagens, trocar idéias...

O QUE VOCÊ TEM QUE NÃO TENHA RECEBIDO? (1Co 4.7)

Muitos dos mais renomados cristãos, tais como: Agostinho, Lutero, e Lloyd Jones, foram influenciados por essa pergunta de Paulo dirigida aos cristãos coríntios. Tal pergunta, disseram eles, só admite uma resposta correta: nada. Isso porque, tudo que somos e tudo o que temos é obra da graça de Deus. O entendimento dessa verdade deve inclinar nosso coração à eterna gratidão diante do “Deus de amor e de imensa bondade”.
Todavia, o que se pode observar é que desde que o homem caiu em pecado ele se transformou em um “bípede ingrato”, como acertadamente definiu Dostoievsky, notável poeta cristão russo. O homem alienado perdeu o senso de dependência e dívida para com Deus e deste se esqueceu. A humanidade rebelde se mostra ingrata para com o Criador, Sustentador e Governador do universo. Tal atitude é pecado grave diante do Deus de toda graça e Pai de muitas misericórdias.
Os cristãos devem resistir à ingratidão e suplicar misericórdia ao Senhor a fim de que este ache sempre em seus corações um cântico novo e, em seus lábios, um hino de louvor. Todos nós precisamos por em prática as palavras do apóstolo Paulo: “dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Ef 5.20).
Queridos, só há duas escolhas, embora apenas uma seja sensata: Ser mais um na multidão de ingratos bem representados por Bart Simpson (garoto americano dos desenhos animados) que orou antes do jantar: “Querido Deus, pagamos nós mesmos por isso aqui. Obrigado por nada”, ou, juntar-se a uns poucos seguidores de Cristo, que andam por um caminho sobremodo excelente, a vereda da gratidão onde oram à semelhança de George Herbet (poeta anglicano do século dezessete): “Tu me deste tanto. Dá-me uma coisa mais: um coração agradecido”. Qual será a sua escolha?
Que Deus nos conceda um coração grato!

Judiclay S. Santos